quinta-feira, outubro 18, 2018

Chile: vivendo e aprendendo


Depois de uma exaustiva maratona chilena, de volta para casa trago vinho e boas lembranças. Santiago continua crescendo e o Chile também. Como todos os países latinos a desigualdade é visível, mas no Chile o regime democrático se consolida a cada eleição. (*)


O Chile é hoje a porta de entrada e a grande vitrine para os países asiáticos. Quando se trata de negócios, são bastante cuidadosos. Nada é feito de boca, tudo por escrito. Por ser um mercado muito aberto, todo o cuidado é pouco. O Chile, como um grande comprador do mercado externo, já faz parte de sua cultura essa atenção toda.


Ao contrário de nós, o Chile não é um país federativo. São poucos os impostos. Se abre uma empresa em 10 dias. Se for de fora, 80% dos empregos tem que ser locais. Sua principal fonte de emprego e de receita é a mineração. Os chilenos sabem que o cobre é finito e já pensam no futuro. A Ásia está sendo vista pelo governo do Chile como uma grande  plataforma de serviços e negócios. Comércio exterior é uma expertise dos chilenos. Se relacionam comercialmente com mais de 70 países. 


Os grandes empregadores chilenos estão nos setores da mineração, construção civil, agricultura e pesca. No momento o Chile tem energia disponível acima de sua demanda, em função de grandes investimentos em parques eólicos no sul e usinas solares no norte do país. O norte do Chile, onde fica o deserto do Atacama, é uma das regiões de melhor insolação do mundo. Já no sul, são os fortes e constante ventos vindo da Patagônia que geram energia. 


Os grandes investimentos em energias alternativas, 3 bilhões de dólares em 2018, são privados. Quase sempre associados a atividade de mineração, que consome cerca de 30% da energia elétrica do  Chile. Em razão disso, o governo se liberta de produzir energia e fica focado na mudança da matriz energética do futuro ( o Chile apenas produz 5% do petróleo que consome), para atender entre outras necessidades - a chegada dos carros elétricos.


Na lista das prioridades do governo no setor energético, estão: gestão de uma matriz mais renovável possível, veículos elétricos, baterias mais eficientes, uso racional da energia, certificação de empresas e negócios associados a eficiência energética. Esse programa da cerificação, já está em curso. Só nesse ano, a previsão é economizar  85 milhões de dólares. Nada mal para um PIB bem menor do que o nosso. (população do Chile, cerca de 18 milhões; PIB cerca de 250 bilhões de dólares US$)


(*) Na segunda-feira, 15, quando cheguei em Santiago,  o presidente Piñera tinha acabado de afastar dois militares do primeiro escalão que promoveram uma homenagem a um brigadeiro condenado por crimes cometidos durante a ditadura do general Augusto Pinochet. Tudo dentro da maior normalidade. Enquanto isso, por aqui... 

Nenhum comentário: