O que fazer com Angra 3? Pelos bilhões de
dólares que já foram gastos e por outros bilhões que ainda serão gastos, o
assunto exige um debate nacional: transparente e tecnicamente sustentável. Não
podemos aceitar que uma decisão de tal importância se faça pelo twitter.
Pelo andar da carruagem já deu para
perceber que há uma simpatia do próximo governo pela retomada da obra. O vice-
presidente eleito, o general Mourão, já declarou se tratar de uma obra
estratégica. A indicação do novo ministro de Minas e Energia, o almirante Bento
Costa Lima, defensor da tecnologia nuclear, também caminha nessa direção. (*)
Estudos recentes apontam que o custo do
MWh de Angra 3, devidamente atualizado, será um dos custos da energia
elétrica mais caros do mundo. Portanto, estamos diante de um grande dilema: o
que fazer com Angra 3? A obra se arrasta desde a década de 80. Os equipamentos, se ainda recordo, foram fabricados 40 anos atrás. Em 2004, como deputado
federal, membro da Comissão de Minas e Energia, fomos verificar em que
condições eles estavam sendo armazenados. Depois de tantos anos, não
sei dizer como se encontram agora. Só sei que o tempo não para, principalmente
quando se trata de energia nuclear. A segurança é tudo, já que o risco existe e
é grande. (**)
Em relação aos sinais emitidos pelo novo governo percebe-se um movimento em curso para a retomada de Angra 3. Imagino que todos saibam, que o valor corrigido da energia produzida em Angra 3 é proibitivo: muito acima do que
custa a energia proveniente de fontes renováveis. A conta será alta e paga por
nós. Sem considerar que estamos seguindo o caminho inverso da tendência das
novas políticas energéticas globais, a descentralização da geração.(***)
A cada dia se discute mais a geração
distribuída, como o futuro. A ideia de se produzir a energia que se consome,
cresce no mundo todo. Mesmo no segmento dos reatores nucleares, o tempo das
grandes usinas, como Angra 3, passou. Desconhecer esse fato, não tem nada de
estratégico.
Recentemente o Departamento de
Energia dos EUA, a Southern, empresa de eletricidade americana, e Bill Gates,
se juntaram para desenvolver pequenos reatores nucleares, mais baratos, mais
seguros e mais eficientes do que os grandes reatores nucleares. (Fonte:
Washington Examiner Magazine)
Embora não se saiba muito do andamento do
projeto, as mini usinas nucleares trazem inovação tecnológica e acompanham a
tendência global da geração distribuída. Bem ao contrário do que representa
retomar Angra 3. No futuro, um mini reator poderia estar dentro da sua casa,
como um micro ondas, gerando a energia que você precisa através de uma pilha
comprada no super mercado.
(*) Como pode uma obra estratégica ficar
parada por mais de quarenta anos...
(**) O tempo não para, principalmente
quando se trata de tecnologia. Como pode um equipamento fabricado 40 anos atrás
estar tecnologicamente atualizado...
(***) Por acaso alguém ouviu falar na retomada de Angra 3 durante o processo eleitoral...
(***) Por acaso alguém ouviu falar na retomada de Angra 3 durante o processo eleitoral...
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