segunda-feira, dezembro 10, 2018

O que fazer com Angra 3...


O que fazer com Angra 3? Pelos bilhões de dólares que já foram gastos e por outros bilhões que ainda serão gastos, o assunto exige um debate nacional: transparente e tecnicamente sustentável. Não podemos aceitar que uma decisão de tal importância se faça pelo twitter.

Pelo andar da carruagem já deu para perceber que há uma simpatia do próximo governo pela retomada da obra. O vice- presidente eleito, o general Mourão, já declarou se tratar de uma obra estratégica. A indicação do novo ministro de Minas e Energia, o almirante Bento Costa Lima, defensor da tecnologia nuclear, também caminha nessa direção. (*)

Estudos recentes apontam que o custo do MWh de Angra 3, devidamente atualizado, será um dos  custos da energia elétrica mais caros do mundo. Portanto, estamos diante de um grande dilema: o que fazer com Angra 3? A obra se arrasta desde a década de 80. Os equipamentos, se ainda recordo, foram fabricados 40 anos atrás. Em 2004, como deputado federal, membro da Comissão de Minas e Energia, fomos verificar em que condições eles estavam sendo armazenados. Depois de tantos anos, não sei dizer como se encontram agora. Só sei que o tempo não para, principalmente quando se trata de energia nuclear. A segurança é tudo, já que o risco existe e é grande. (**)

Em relação aos sinais emitidos pelo novo governo percebe-se um movimento em curso para a retomada de Angra 3. Imagino que todos saibam, que o valor corrigido da energia produzida em Angra 3 é proibitivo: muito acima do que custa a energia proveniente de fontes renováveis. A conta será alta e paga por nós. Sem considerar que estamos seguindo o caminho inverso da tendência das novas políticas energéticas globais, a descentralização da geração.(***)

A cada dia se discute mais a geração distribuída, como o futuro. A ideia de se produzir a energia que se consome, cresce no mundo todo. Mesmo no segmento dos reatores nucleares, o tempo das grandes usinas, como Angra 3, passou. Desconhecer esse fato, não tem nada de estratégico.

 Recentemente o Departamento de Energia dos EUA, a Southern, empresa de eletricidade americana, e Bill Gates, se juntaram para desenvolver pequenos reatores nucleares, mais baratos, mais seguros e mais eficientes do que os grandes reatores nucleares. (Fonte: Washington Examiner Magazine)

Embora não se saiba muito do andamento do projeto, as mini usinas nucleares trazem inovação tecnológica e acompanham a tendência global da geração distribuída. Bem ao contrário do que representa retomar Angra 3. No futuro, um mini reator poderia estar dentro da sua casa, como um micro ondas, gerando a energia que você precisa através de uma pilha comprada no super mercado.

(*) Como pode uma obra estratégica ficar parada por mais de quarenta anos...

(**) O tempo não para, principalmente quando se trata de tecnologia. Como pode um equipamento fabricado 40 anos atrás estar tecnologicamente atualizado...

(***) Por acaso alguém ouviu falar na retomada de Angra 3 durante o processo eleitoral...



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