segunda-feira, fevereiro 04, 2019

Brumadinho: descaso, tragédia e uma reflexão

DESCASO


Brumadinho fica a poucos quilômetros de Belo Horizonte. Belo Horizonte é a capital de Minas Gerais. Minas é um dos estados mais importantes do Brasil. Quem governa Minas sabe o que as mineradoras fizeram e estão fazendo lá. Deputados, senadores, desembargadores e promotores também.


Por décadas, todos tinham conhecimento do passivo ambiental que estava se acumulando. Quem chega no Aeroporto de Confins, de Brasília, do Rio ou de São Paulo já deve ter visto o mar de lama lá em baixo. O descaso com o problema é real. Não se trata de um pequeno desastre ambiental, longe dos olhos das autoridades. Muito pelo contrário, é um grande desastre ambiental visível a todos. Uma vergonha.



A DIMENSÃO DA TRAGÉDIA



As cenas sobre a tragédia de Brumadinho são chocantes. O número de mortos também. Os relatos são dramáticos. As apurações em curso confirmam a responsabilidade da Vale sobre o ocorrido. O mais revoltante de tudo é que sabiam as consequências e a dimensão da tragédia. A ponto de terem calculado que, em um minuto, a lama cobriria o refeitório. Estavam certos: foi exatamente o que aconteceu.


Infelizmente foi em função do ocorrido, e somente por isso, que ficamos sabendo que existem dezenas de outras barragens em risco. Uma delas, a de Congonhas, está a 250 metros da cidade (já comentei sobre essa situação no blog). Nos últimos 10 anos, no mundo todo, ocorreram duas rupturas de barragem de rejeito de mineração. Só em Minas Gerais, em três anos, Mariana e Brumadinho. Algo de muito errado está acontecendo com a Vale. Que apurem com rigor as responsabilidades de todos envolvidos. É o mínimo que a sociedade espera. (*)


UMA REFLEXÃO


A reflexão sobre a degradação do meio ambiente pela ação do homem fica por conta de Hubert Reeves, astrofísico canadense: "O Homem é a mais insana das espécies. Adora um Deus invisível e mata a Natureza visível... sem perceber que a Natureza que ele mata  é o Deus invisível".

Depois do que aconteceu em Minas Gerais, sobre os olhos e a omissão de muitos, fico refletindo sobre o que vai acontecer com a chegada da mineração em terras indígenas. Longe de tudo e de todos, o cenário que vislumbro é de terra arrasada. Sem uma grande mobilização social que impeça esse desatino, uma verdadeira barbárie ambiental estará em curso no coração da Amazônia.


(*) Bancada da lama barra ações de segurança em barragens (FSP 03/02). O deputado Arnaldo Jordy, do PPS/PA, declarou ao jornal que "A Comissão de Minas e Energia tem mais de 30 deputados financiados por mineradoras, é raposa tomando conta do galinheiro".




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