terça-feira, março 19, 2019

Previdência: se tá ruim, vai piorar

"Só se fala na tal reforma", resmunga seu Adamastor no outro lado do balcão. Quando desço do instituto para tomar meu café da tarde, quase sempre o encontro por ali. Dependendo do tema, a conversa se estende. Para criar o clima, de pronto complementei: "Seu Adamastor, não precisa ser especialista em previdência para perceber que a reforma está cercada de incertezas. Basta ver a dificuldade que o governo está tendo, para formar a maioria necessária para aprová-la."


Desconfiado como todo o idoso, logo veio a indagação de sempre: "Então não acreditas que possa dar certo?". Como estava com pressa, de pronto respondi: "Enquanto não houver emprego formal, nem pensar na perenidade da previdência. É pura enganação". Por ter sido direto, deu certo. Seu Adamastor entendeu que emprego e aposentadoria caminham juntos. E de que não adianta a reforma se não houver emprego e salários dignos.


Pouca gente está atenta a esse fato. O impacto do desemprego e do emprego informal nas contas da previdência: é fatal.


Dias depois a FSP no seu editorial (11/3), assim se manifestou:


"A redução do número de pessoas empregadas e a degradação da qualidade dos postos de trabalho abatem de modo considerável a receita previdenciária".

"Em 2014, a arrecadação da Previdência dos trabalhadores urbanos superava a despesa em R$ 32,4 bilhões, superávit equivalente a 0,4 % do Produto Interno Bruto. Em 2015, a diferença caiu a quase zero e desde então  o déficit aumenta, chegando a R$ 82,5 bilhões, ou 1,2% do PIB, em 2018."

"A queda conjuntural da receita previdenciária é um fator importante da crise do sistema, ao lado da expansão estrutural da despesa".

Logo me lembrei do seu Adamastor. No café fiquei sabendo que tinha voltado para Rio Grande, sua terra natal. Inconformado com a reforma da previdência, se despediu de todos afirmando: "se tá ruim, vai piorar".


PS - Mesmo sem ter lido o jornal, seu Adamastor entendeu o recado. No seu desabafo de despedida, minha observação estava presente: o  desemprego e a degradação da mão de obra impedem a recuperação do sistema previdenciário. 



Um comentário:

Unknown disse...

Seu Adamastor e.O senhor São dois diodos.Alguma coisa tem quer feita.Empregos de investimentos pesados e todos os setores e p isso precisamos conquistar mercados fortes do exterior.Para.isso precisamos mostrar que algo de bom acontece p aqui.Estrangeiros não vem empatar seu capital p seus belos comentarios desanimadores.E ainda botando um gaucho velho de guerra no meio que não se assustou p belas palavras.Veio embora p o Sul onde o buraco é mais em baixo.