domingo, outubro 13, 2019

A presença chinesa nos EUA

No Texas, onde estou, circulo no meio acadêmico. Até porque  filho e nora são professores aqui. Talvez até em função disso, chama a atenção o número de jovens chineses que cruzo ao longo do dia. E não é por acaso que estão aqui. Faz parte da política do governo chinês, facilitar a aproximação dos seus estudantes com o mundo. Sem ter o conhecimento necessário em relações internacionais, arrisco a dizer que essa interação China/EUA veio para ficar. Por uma razão muito simples: ganham os dois. O inglês e o dólar ainda serão por muito tempo as ferramentas do comércio exterior. E a língua será sempre um grande diferencial, por isso os chineses estão aqui. A China pensa no longo prazo, sabe que seu custo de produção é crescente e os países vizinhos estão cada vez mais competitivos. Por isso não irá nunca desconsiderar o potencial de compra dos EUA.(*)

Se as despretensiosas  ponderações que ora faço estiverem certas, os sinais que o governo brasileiro emite para o mundo são os piores possíveis. No grande tabuleiro do comércio exterior, quem não sabe mexer com as pedras - dança! O bom momento de aproximação e relacionamento com outros países que tínhamos, perdemos em poucos meses. Os constrangimentos que criamos deixaram feridas ainda abertas. Pronunciamentos descabidos e agressivos também não ajudam. (**)

A política externa brasileira está sem rumo. E não é no "tranco" que vai dar certo. Diplomacia é uma arte. Requer paciência e sabedoria: duas virtudes que os orientais tem de sobra.(***)

(*) O Brasil, citado por Bolsonaro, como "a noiva que todos querem", foi abandonado por Trump na porta do altar. Quem entrou na OCDE foi nossa vizinha Argentina. 

(**) O Ministro da Relações Exteriores da França, Jean Yves Lebrian, foi publicamente constrangido quando esteve no Brasil (29/7). A visita era oficial e o encontro com Bolsonaro agendado. Só que o presidente não compareceu, estava cortando o cabelo. Agora os franceses deram o troco, não vão assinar o acordo Mercosul/ UE. 

(***) Enquanto aqui se bate cabeça, as pautas avançam para por fim a guerra comercial  entre as duas grandes potencias. O governo chinês já se comprometeu em comprar mais produtos agrícolas dos Estados Unidos. Quanto a nós..... 


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