Protestos no Chile. Autor: Carlos Figueroa
Quando fiz parte do Parlamento do Mercosul, já me incomodavam as barreiras que havia. Pouco se fazia para uma integração mais efetiva. O Brasil, por ser o maior país do bloco, nunca entendeu o seu papel regional. De todos os países da América do Sul, éramos nós que tínhamos essa condição. E os erros continuam. Fechamos as portas para a Bolívia,Venezuela e, em breve, para a Argentina.
Para quem não sabe, a Bolívia é a nossa maior área de fronteira, nos abastece de gás e tem a maior reversa de lítio do mundo (**). A Venezuela está situada num ponto estratégico da América do Sul, por sua proximidade com a América Central e o Caribe. Suas reservas de petróleo estão entre as maiores do mundo. Em comum com esses países temos também a Amazônia e todas as suas riquezas.
Porque então não nos agruparmos como latinos que somos?
A primeira impressão que se tem é que não querem. Infelizmente, o que estamos assistindo nesse ano de 2019 confirma isso. As explosões sociais estão por todos os lugares e vão continuar pautando a política global. Os governos estão sem rumo e uma boa parte da população sem perspectiva. Ou alguém acha que as manifestações que perduram no Chile se deve ao reajuste de 30 centavos de peso nas passagens do metro? Acordem!
Reprimir com a violência nunca deu certo. Ficar criando partido também não. Se autoproclamar presidente é uma insanidade. Quando os conflitos se acirram, só algo novo pode ajudar. E a sociedade precisa acreditar que as mudanças virão e a esperança também. Não é um caminho fácil e nem tarefa para aventureiro. Tem que ter um olhar de estadista, com a percepção e a dimensão do vazio que se criou entre o Estado e o povo. Só assim é que a América Latina vai poder se encontrar com o futuro.
(**) O futuro dos carros elétricos passa pelo lítio. O interesse de grandes multinacionais pelo valioso lítio da Bolívia não é de hoje.
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