segunda-feira, agosto 14, 2023

As pessoas em primeiro lugar

                                Foto: Ato público do PAC/Teatro Municipal do Rio de Janeiro 

Nem sempre é fácil agradar a todos, mas uma coisa é certa: se você olhar para as pessoas de forma respeitosa, erra menos. Numa sociedade dividida e socialmente desigual, a preocupação com os outros é fundamental. Principalmente quando se trata de recursos públicos limitados e com uma parcela considerável da população passando por dificuldades. O mandatário não pode se perder na hora de definir suas prioridades. As tentações são muitas e a história tem nos mostrado as consequências das péssimas escolhas. Quase sempre feitas por açodamento, incompetência ou por interesses obscuros.  

Normalmente a corrupção, a criminalidade, a falta de ética, o pensar só em si, são os desvios de conduta mais comuns que alimentam os noticiários. Longe de ser uma exclusividade de agentes públicos, a repercussão do escândalo se amplifica quando se trata desse segmento. O que de certa forma é explicável pelo próprio nome: servidor público. Nesse ano então, foi só o que se viu: prefeitos presos, 17 só em Santa Catarina, militares desonrando a farda, joias circulando pelas asas da FAB, instituições do Estado sendo usadas indevidamente,  quebradeira na sede dos Poderes da República, mostram o que há de pior na sociedade. 

Até aí, muita vergonha mas nenhuma novidade. As apurações precisam continuar e os responsáveis - exemplarmente - punidos. Três importantes personagens do primeiro escalão do governo anterior já estão presos e outros tantos a caminho. O povo brasileiro soube preservar o nosso maior patrimônio, a democracia. Só respiramos liberdade, porque vencemos nas urnas e nas ruas. A derrota nunca fez parte dos planos daqueles que nos governavam. O que fizeram no dia 8 de janeiro em Brasília, foi barbárie. Um bando de amotinados a serviço de um grupelho de desiquilibrados. Se deram muito mal ao fomentar   o medo e a insegurança, através da violência desmedida. A sociedade civil reagiu na mesma hora e a tentativa de golpe fracassou. 

De uma maneira geral arruaceiros acabam se isolando e não conseguem derrubar um governo. Felizmente uma democracia forte resiste a insensatez, foi o que vimos aqui. No mundo atual é mais fácil um governante cair pela economia, que pela violência. Se forem indevidamente manuseados os índices econômicos, o presidente vira refém desse jogo de poder e a instabilidade do país aflora. O enfrentamento que se tornou público entre o presidente Lula e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, caminhava nessa direção. A última reunião do Copom trouxe um pequeno alívio. A mais alta taxa de juros do mundo, 13,75%, caiu 0,5%. Nada comparado com o juro ainda praticado, mas pelo menos rompeu com a teimosia de Campos Neto; que ao insistir em manter uma taxa de juro insustentável, até parecia estar a serviço de outros interesses. 

O Linkedln, maior rede social do mundo, repercutiu na semana passada uma matéria sobre o que está se passando na Itália. Diante de uma crise econômica e social sem precedentes, o atual governo, de extrema direita, da primeira ministra Giorgia Meloni, não teve outra escolha: aprovou um imposto de 40% nos lucros excepcionais obtidos pelos bancos italianos. Com isso a primeira ministra espera arrecadar cerca de 4 bilhões de euros para financiar programas de apoio às famílias para lidarem com uma alta no custo de vida e com o aumento nos juros dos financiamentos habitacionais. 

A grande surpresa foi justamente de quem partiu e da rapidez na aprovação do novo imposto. A Itália recentemente elegeu um governo ultra conservador, a quem coube, por ironia do destino, o inesperado: enfrentar o setor bancário. Na semana passada, dia 8, pela manhã, as ações de bancos tradicionais chegaram a cair 8,6%. Segundo estimativas da agência de risco Bloomberg, em poucas horas o valor de mercado dos principais bancos da Itália tiveram o seu valor reduzido em US$ 9,5 bilhões.

Ao anunciar a medida, o vice primeiro ministro Matteo Salvani, argumentou "que os bancos estão ganhando muito com os juros mais altos". A taxa de juros na União Europeia se manteve por muitos anos em zero. Agora está em 4,25% e uma inflação crescente. Desacostumados com a gangorra inflacionária, os europeus estão sentindo no bolso as agruras da vida. O socorro não podia esperar, as pessoas precisavam respirar....

PS - Na última sexta-feira, dia 11, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, o governo Lula anunciou o novo PAC com investimentos de 1,3 trilhões de reais até 2026. Para as cidades está previsto uma boa parte desses recursos. A destinação orçamentária: urbanização das favelas, abastecimento de água, tratamento de esgoto, mobilidade urbana e prevenção de desastres naturais. Se a gente observar bem, o que foi apresentado é a prova de que as pessoas estão em primeiro lugar. Na hora de se tomar uma decisão importante, seja sobre o que for, pense nelas. O risco de errar é menor.   


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