quinta-feira, março 09, 2023

O escândalo das joias: gente grande sob suspeita


          Reprodução do DCM.  Bento Albuquerque recebendo milhões em joias

Na famosa série Crown, da Netflix, se tem uma ideia da expressão "Joias da Coroa". Quando se trata de uma joia diferenciada ela é da Coroa e não da Rainha. Ao longo dos séculos seu lugar são os museus para serem apreciadas e não usadas em qualquer pescoço. Aqui um colar de diamantes e um par de brincos, que entrou escondido no Brasil em 2021, como se fosse um contrabando, na mochila de um tenente assessor do almirante Bento Albuquerque, pasmem, virou escândalo internacional. (foto acima)

As versões sobre o ocorrido mudam a toda hora, só o almirante Bento já trocou três vezes a sua. De forma inadequada a então primeira dama, Michelle, preferiu debochar do episódio. Seu marido, que continua em Orlando, seguiu na mesma linha: não sei, não pedi, não vi. Patético, já que fez de tudo para reaver as joias.  Até um sargento da sua confiança foi enviado a Guarulhos, num avião da FAB, no dia 28 de dezembro, para resgatar o colar e os brincos de diamante que estavam retidos na Receita Federal. A carteirada não deu certo e o capitão no dia seguinte abandonou seus seguidores e se mandou os EUA.  (*)  

Para quem acompanha os noticiários, há um consenso: 16,5 milhões de reais é muito grana. Não é uma joia para qualquer pescoço. Só para dar um exemplo, com esse valor dá para comprar duas mansões que o Flavio Bolsonaro comprou em Brasília e de sobra mais um apartamento de luxo na Beira Mar, o metro quadrado mais caro de Florianópolis para onde está vindo Jair Renan - o zero quatro. Pelo dinheiro envolvido não parece ser presente para uma única pessoa. Sendo assim, a resposta vai exigir uma apuração mais ampla.

A Policia Federal já entrou oficialmente no caso para apurar o que de fato se passou. Por trás de um presente tão valioso, negócios obscuros podem ter ocorrido. Joia é dinheiro, as fotos mostram os sheiks árabes festejando a compra da refinaria. Do lado brasileiro, um almirante isolado e envergonhado. Num momento simbólico como aquele, chama a atenção por quê o capitão Jair e quem ele chamava de Posto Ipiranga, não estavam lá? Afinal, sempre estiveram a frente do negócio.

A venda da Refinaria Landulpho Alves, na Bahia, se deu no final da polêmica gestão de Roberto Castelo Branco, na Petrobras. Segundo especialistas o preço pago ficou bem abaixo do esperado. Para quem conhece o setor, o que valia dois bilhões de dólares foi vendido por um. Para muitos pode estar nessa diferença a alegria dos sauditas. Se for isso, muda o foco da investigação: passa a ser o pagamento para autoridades brasileiras pelo favorecimento de um negócio obscuro. Como nos ensina Eduardo Moreira, do Instituto Conhecimento Liberta, "joia tem valor e mercado". 

Se a investigação seguir nessa direção, o almirante Bento Albuquerque vai ter muito que explicar. Além de suas recentes versões que não se sustentam, em maio de 2022, depois de resolver a venda da refinaria da Petrobras para os árabes, o almirante é afastado do cargo de ministro das Minas e Energia sem fazer alarde. A motivação oficial foi um novo reajuste nos combustíveis, mas em nota o almirante afirmou que sua saída "foi de caráter pessoal e tomada em reunião entre ele e o presidente de forma consensual". (Fonte: FSP 12/5/2022)

Para substituir o almirante, tudo já estava combinado. No mesmo dia assume o ministério  Adolfo Sachsida, muito próximo de Paulo Guedes. Em sua primeira declaração à frente da pasta anunciou sua intenção de vender a Petrobras e o pré sal. O comentário anterior no blog trás fotos da satisfação dos sheiks sauditas com o negócio que fizeram. Logo é normal pensar que o motivo do agrado, os diamantes valiosos, pode ser outro: abrir a porteira para novos negócios obscuros com o petróleo brasileiro. A conferir.

(*) Quem assistiu a gravação do sargento que mandaram até  Guarulhos buscar as joias na Receita federal, tem vergonha do Brasil: uma republiqueta!

PS - Em 2018, com o impedimento da candidatura de Lula, elegeram o capitão. Seu grupo tinha certeza que ele se reelegeria em 2022. Recursos não faltaram, mentiras e ameaças também. Sua derrota livrou o Brasil do seu pior destino. Não dá para imaginar o que teria acontecido com o país. Petrobras e Eletrobras seriam as joias da coroa. Só não vê quem não quer.   

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