Quando se retoma um tema no blog, é muito em função da repercussão que teve nas redes sociais. Não é uma regra, mas um indicativo. Com as preocupações advindas da sociedade ao Plano Diretor facilitador da especulação imobiliária e do crescimento desordenado, publicado no blog em plena semana que se comemorava os 350 anos de Florianópolis, as manifestações se multiplicaram na Rede Linkedln. Os problemas da cidade foram percebidos, cerca de mil pessoas se manifestaram. Por isso estamos de volta com o assunto.
Só através de consensos é que uma cidade pode crescer de forma humanizada. Quem mora quer ser ouvido e respeitado. O exercício de uma gestão participativa com decisões consensadas é desafiador e precisa ser testado. Sem que a gente perceba há um consenso na cidade estabelecido a um bom tempo, que poucos discutem: em Florianópolis não se pode ter indústria de grande porte. Com certeza existe um outro consenso: ninguém suporta ver o projeto paisagístico do Burle Marx para o aterro da Baia Sul, se transformar numa imensa garagem de ônibus. Uma verdadeira exposição a céu aberto do descaso com a cidade.
No encontro com o reitor da UFSC, Irineu de Souza, um mês atrás, a conversa se deu nessa direção: encontrar consensos. A primeira ideia colocada foi desativar o Presídio Central. Uma afronta aos catarinenses que convivem por décadas com a maior penitenciária de Santa Catarina, numa região nobre da capital. Pasmem, sabe aonde: entre dois dos seus mais tradicionais bairros, Agronômica e a Trindade. Para quem acessa o blog e não conhece a localização do símbolo da desatenção com a cidade, prestem atenção: fica a poucos metros do Casa do Governador e em frente ao Centro Integrado de Cultura, o CIC. (foto acima)
Como aceitar um presídio na Capital, em pleno funcionamento, é o que todos deveriam estar se perguntando. Nem os presos amontoados, mais de 1700 para uma capacidade de ocupação precária de 1000 detentos, suportam essa realidade. Só há uma maneira de resolver esse problema, vontade política. Talvez seja esse o melhor presente para os 350 anos de Floripa. Com isso uma nova porta se abre para que se construa um plano diretor através de consensos, que respeite seus cidadãos e humanize a cidade.
PS - Independente de qualquer omissão ou desatenção que tenha havido no passado, a permanência do Presídio da Agronômica em Florianópolis é insustentável. Se nada for feito vai continuar lá. Em outras capitais, por exemplo, antigos presídios viraram espaços culturais. O mesmo pode acontecer aqui. Tá na hora de botar a campanha na rua e ganhar o apoio da sociedade.
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