quarta-feira, maio 31, 2023

A Eletrobras e os oportunistas de plantão


                                               Lula engajado na campanha

Na semana que se comemora o Dia Mundial da Energia, 29/5, e que o governo promove uma reunião com todos os presidentes da América do Sul, dia 30, para tratar entre outros assuntos da integração energética e de uma matriz renovável para a América Latina, se torna obrigatório registrar - mais uma vez - como ocorreu a privatização da Eletrobras, a maior empresa de energia elétrica da América Latina.

As tratativas iniciais começaram com Temer. Os oportunistas de plantão foram se chegando, já que o negócio era muito bom. No Congresso encontraram em Lira um forte aliado. No final do governo passado, quando todas as exigências foram atendidas, bateram o martelo. Com a venda da Eletrobras e os arranjos societários embutidos, o setor elétrico brasileiro está nas mãos de poucos. (*)

Segundo alguns especialistas independentes e, portanto, mais confiáveis, o estrago é grande. Só para ilustrar a tarifa que os reféns do mercado cativo vão pagar pelo que passou a ser chamado "jabuti do Arthur Lira", ultrapassa 100 bilhões de reais/ano. Sem considerar o custo que precisa ser incluído na tarifa para remunerar toda a logística do gás. (**)

O Tribunal de Contas da União, o TCU, chegou a reagir. Só que não aguentou a pressão. Agora, depois do malfeito, segundo a Rede Brasil Atual, seus auditores estão levantando preocupações em relação a fragilidade do setor elétrico brasileiro para enfrentar os desafios da transição energética. Com toda certeza, nada do que já não tenha sido dito. A forma açodada que se desfizeram da Eletrobras, para atender amigos, só podia dar nisso. 

Portanto, só resta resistir. O governo eleito tem obrigação de apurar tudo que se passou com a privatização da Eletrobras e reverter o que foi feito. Não dá para propor uma América Latina sem Carbono, com 8 GW térmicos a gás gerando o tempo todo em função de uma cláusula contratual que custará aos consumidores 20 bilhões de dólares por ano.

Não existe empresa sustentável se ela é - moralmente - insustentável. A "nova Eletrobras" desemprega engenheiros e contrata influencers. A milionária campanha em horário nobre na TV, dando uma cara de "brasilidade", não passa de uma enganação. Seus diretores e conselheiros estão lá, como poderiam estar nas Lojas Americanas. Como tantos outros que o mercado produz, são oportunistas de plantão. (***) 

(*) Na antiga União Soviética aconteceu algo semelhante. A oligarquia russa controla a energia do país e produz bilionários. Os salários dos gestores e conselheiros da "nova Eletrobras", caminham nessa direção.

(**) Só para entender: o ano tem 8.760 horas, 8 GW a gás vão gerar 64.080.000 MWh. Sendo que pelos jabutis do Lira, 80% dessa energia terá que ser comprada. A tarifa de uma térmica a gás, segundo especialistas, é de 500 US$/MWH. O que representa cerca de 25 bilhões de dólares por ano. Quem vai pagar somos nós.

(***) Nenhum deles chega aos pés de Antônio Ermírio de Moraes, a quem tive o privilégio de conhecer. Um nacionalista que na década de 90, quando começaram a falar nas privatizações, se juntou aos sindicatos para defender a Eletrobras pública. Uma pessoa extraordinária, que olhava para o Brasil do amanhã como poucos. Sem energia não há futuro, repetia nos encontros que fazíamos. Para ele a Eletrobras era fundamental no desenvolvimento do país. 

PS- Ontem 10 presidentes da Região foram recebidos em Brasília. Depois de um isolamento proposital do governo anterior, o Brasil busca retomar seu protagonismo na América do Sul. Infelizmente, o encontro deixou a desejar. No mesmo dia, do outro lado da rua, mais um golpe: temas aguardados para um país melhor foram derrotados no Congresso. Uma vergonha!   

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