" Considerando o interesse comum manifestado pelos Estados Partes do Mercosul de implementar mecanismos e procedimentos que promovam a participação de fontes renováveis no atendimento de energia dos paises do bloco assim como a conviniência de promover uma cooperação regional sobre esse tema......". Assim começa o convite para o Seminário sobre energias renováveis no ambito do Mercosul e no cenário internacional, nos dias 15 e 16, em Montevidéu.
Na apresentação que vou fazer, pretendo enfatizar o papel da energia limpa na matriz energética dos nossos paises e a necessidade de se propor um novo modelo de desenvolvimento. Vivemos uma encruzilhada, o planeta não suporta os atuais padrão de consumo. A América Latina tem tudo para ser o laboratório dessas transformações. Temos as condições naturais para responder a esse desafio. Só em eficiência energética e uso racional de energia na área urbana poderíamos poupar 300 bilhões de dólares.
Enquanto não nos libertarmos da lógica dos combustíveis fósseis, petróleo, gás e carvão, as dificuldades de integração energética continuarão, por algumas razões que não cabe aqui comentar. Já quando falamos em energias renováveis, a integração aflora. Todos os paises tem potencial, a demanda e a produção estão próximas, as perdas no sistema são pequenas, os investimentos são descentralizados e o meio ambiente agradece.
Só para mostrar o que estou falando, vamos pegar, por exemplo, o gás da Bolívia. O Brasil está comprando o mínimo contratual de 19 milhões de metros cúbicos por dia. A Bolíva está tentando vender gás para o Uruguai e Paraguai. Precisa para isso investir 4 bilhões de dólares em gasodutos. Sobram hoje 5 milhões de metros cúbicos de gás na Bolívia. E o que é pior, seus principais clientes, Brasil e Argentina, estão buscando fornecedores alternativos. Assim como o Chile, investem em unidades de regaseificação, o que permitirá a compra de gás liquefeito.
Como se vê, um verdadeiro tabuleiro de xadrez, onde queda de demanda, falta de infraestrutura, investimentos bilionários, diferenças políticas, contratos de longo prazo, dificultam a criação de um cenário estável. Por outro lado, se compararmos com as energias renováveis, nenhuma das preocupações acima citadas, compromete uma maior participação delas na matriz energética dos paises do Mercosul.
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