Longe das badaladas festas de final de ano em Florianópolis, livre dos estressantes e constantes engarrafamentos, a opção da familia foi entrar 2013 cercado pela natureza, com muito verde, rodeado de pássaros e borboletas. O local escolhido foi a vizinha Serra do Tabuleiro. Nesse paraíso que é Caldas da Imperatriz, recebi para ler o livro de Flávio Tavares - 1961 0 GOLPE DERROTADO. O livro conta os treze dias em que o jovem governador Leonel Brizola, do Rio Grande do Sul, construiu e liderou um movimento popular que derrotou o golpe de Estado planejado pelos ministros militares da época.
Assim como aconteceu com Saramago que qualificou o livro de "magistral" e frisou: "Li-o de uma assentada só, sem poder parar", também foi o que fiz. Comecei na manhã do dia 31 e antes da ceia do Ano Novo já tinha terminado.
Não costumo comentar no blog ( até pelo próprio nome "de olho no futuro") sobre o passado. No entanto esse episódio histórico relatado por Flávio, na época um jornalista de 27 anos, que teve a felicidade de tudo testemunhar, me motivou registrar as peripécias da rebelião. Acho que em parte por ter vivenciado(embora ainda um pré-adolecente) a ousadia de Leonel Brizola de criar o Movimento da Legalidade que abortou o golpe e possibiltou a posse do então vice-presidente da República, João Goulart.
Flávio, um escritor maduro, contempla e valoriza no livro a parte testemunhal que a vida lhe possilitou ao conviver com toda a efervecência dos treze dias que antecederam a chegada de Jango no Brasil. Flávio se preocupa também em relembrar os leitores que Jango, vice de Jânio, estava em viagem ofical na China quando Jânio renunciou. E que os militares de plantão, que não suportavam Jango, aproveitaram o momento para dar o golpe e tomarem o poder.
Com o argumento de que não iam permitir "que o governo caísse nas mãos ameaçadoras do comunismo", anunciaram que Jango seria preso tão logo colacasse os pés no Brasil. Pensaram em tudo, só não contavam com a ousadia e a capacidade de mobilização de Leonel Brizola. Sem nada nas mãos, sem armas, só com a voz, o governador criou a Cadeia da Legalidade. E através dela mobilizou a sociedade. Nesses treze longos dias o Movimento da Legalidade ganhou a simpatia da Igreja Católica e do Terceiro Exército. Percebendo que o movimento crescia e que o golpe ia fracassar os militares mandaram Tancredo Neves para o Uruguai negociar com Jango as condições do seu retorno. Da conversa que tiveram em Montevidéu, pouco se sabe. No entanto, no dia 2 de setembro de 1961, às 21 horas , vindo do Uruguai, Jango chega no aeroporto da capital gaúcha. Em Brasília, o Congresso pressionado aprova às pressas o parlamentarismo. Não era o que Brizola e o movimento pela legalidade queriam. Este vacilo histórico de Jango é bem lembrado no livro. E o preço pago foi alto: em 31 de março de 1964 veio o troco. Com o golpe militar Brizola, Jango, o próprio Flávio e tantos outros citados no livro são exilados. A pergunta que fica, e que o livro não responde, é se a história não teria sido outra se Jango tivesse seguido o que Brizola e seus seguidores pregavam......
PS- deixo como sugestão de leitura para 2013 o livro de Flávio Tavares - 1961 o golpe derrotado.
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