quinta-feira, maio 16, 2013

Para não dizer que não falei dos portos


A Câmara depois de muitas idas e vindas aprovou o texto-base da MP dos Portos. Nas sessões que antecederam a votação, teve de tudo. O governo, para não ser derrotado, teve que fazer acordos. A base é grande, mas não é tão sólida assim. A votação acabou sendo simbólica para preservar alguns interesses obscuros, que se movimentam num projeto dessa magnitude.

A motivação que me levou a escrever sobre esse mais novo embate no Congresso, estando em Uberlândia, onde nem porto tem, tarde da noite num quarto de hotel, foi em função do que eu vi quando o avião que me levava para São Paulo passou por cima do Porto de Santos. Contei 37 navios fundeados no mar esperando para atracar. Essa é a nossa triste realidade portuária. E o que é pior – todo o embate no Congresso era para manter essa situação. Embora o Porto de Santos esteja completamente saturado os interesses econômicos procuram preservá-lo de novos terminais.

No final da década de 60, trabalhei por quatro anos no Porto de Rio Grande. Como estudante de engenharia, foi lá minha primeira experiência profissional. Tinha verdadeira paixão pelo porto e pelo que fazia. Na época, dificilmente um navio deixava de atracar por falta de espaço no cais.  Nos últimos dez anos, o volume do que exportamos mais o que importamos dobrou. Em 2002 eram 300 milhões de toneladas, em 2012 foram 670 milhões. Quanto aos nossos portos, são praticamente os mesmos. Claro que se modernizaram nesse período, mas muito aquém do que precisamos. Falta eficiência, produtividade, bons acessos e gestão.

Não trato aqui da disputa do público versus privado. Até porque conheço excelentes serviços portuários públicos e péssimos terminais privados. No Porto de Santos, por exemplo, temos os dois tipos de serviço e mesmo assim estavam lá fora, sem poder atracar, 37 navios. O que precisa definitivamente ser entendido é que o mundo é outro e nossas relações com esse novo mundo também mudaram. O volume de carga que entra e sai no país exige uma qualidade nos serviços portuários bem acima do que estamos oferecendo – seja esse serviço público ou privado.    
PS- cheguei a noite em Uberlândia para fazer a entrega nesta quinta-feira do primeiro Selo Solar, a uma empresa que atendeu todas as exigências necessárias para a certificação. Depois sigo para Belo Horizonte onde na sexta-feira estará sendo inaugurada a Usina Solar do Mineirão.
 

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