O que tem em comum um adolescente com 14 anos e um com 16
anos, a resposta é: são todos tão jovens. Tenho pensado muito sobre isso diante
da discussão que permeia a redução da idade penal no Brasil. Um tema polêmico que
ganha força toda vez que um menor está envolvido com um grave delito. Entendo e
respeito à dor de quem tem filho morto por causa de um celular.
Se essa infelicidade fosse comigo o tamanho da minha dor
seria imensurável. Um crime banal combinado com a impunidade é a combinação
perfeita para revoltar uma família, uma comunidade, uma cidade, um país. Mas
daí a transportar esse sentimento de raiva e dor para o mundo das leis, reduzindo
a idade penal, me parece um grande equívoco.
Com todo o respeito aos que comungam desse projeto e se
mobilizam para que o Congresso aprove a redução da idade penal, a criminalidade
não vai se sensibilizar e deixar de aliciar seus jovens comparsas para
continuarem com seus delitos. O que vai mudar é que agora serão ainda mais
jovens. Para a bandidagem é um novo mercado que se cria.
Por não ser minha área e ter clareza que é um assunto que
meche fortemente com a opinião pública, leio bastante sobre o assunto. Maria Rita e Paulo Fernando de Souza abordam o
tema com muita sensibilidade e propriedade (FSP 19/5), quando alertam que é um
erro privilegiar o aspecto punitivo para responder o clamor das ruas.
Segundo eles, e no que eu concordo: “alterar uma definição
legal de maioridade desloca o problema. Definições de maioridade penal são
legais e arbitrárias, já que pessoas de 11 anos e 11 meses pouco diferem das de
12 anos; o mesmo vale para as de 17 anos e 11 meses em relação às de 18; sempre
teremos imprecisões na transição da Justiça da Infância e Juventude para a
Justiça Penal.”
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