sexta-feira, dezembro 02, 2016

Que mundo queremos? Fósseis x Renováveis (*)

No mês em que o maior desastre ambiental já ocorrido no Brasil completa um ano, com as cenas da tragédia de Mariana ainda presentes, duas notícias motivaram esse artigo: uma boa e outra ruim.

Começo pela boa que vem dos Estados Unidos, com o lançamento do documentário Seremos História? produzido por Leonardo DiCaprio. Faz parte do documentário, uma série de entrevistas, que vão de Barack Obama ao papa Francisco, com intuito de conscientizar a humanidade sobre os graves riscos do aquecimento global.

Quanto a notícia ruim, ela vem na contra mão desse movimento global que busca um desenvolvimento sustentável focado em fontes alternativas de energia, como a eólica e a solar, cada vez mais presentes na matriz energética. Por interesse do setor carbonífero, senadores do Rio Grande do Sul e Santa Catarina se articulam em busca de incentivos do governo federal que viabilizem a implantação de novas usinas térmicas a carvão.

Para atender a seus propósitos, mostram que essa fonte de energia está presente em países como os EUA, Alemanha e China. No entanto, não citam o esforço que esses mesmos países estão fazendo para combater a  poluição que causam, e se livrar da dependência que ainda tem de queimar carvão, investindo bilhões de dólares nas energias mais limpas.

A China talvez seja o melhor exemplo para esclarecer o descompasso que há na iniciativa de nossos senadores. A China, reconhecida por todas as organizações internacionais como o país que mais impacta no aquecimento global do planeta, devido, em parte, à forte presença de usinas térmicas a carvão, acabou se tornando líder mundial na implantação de parques eólicos e na indústria solar fotovoltaica. Esse esforço é uma resposta do governo chinês ao passivo ambiental que a China criou para se desenvolver no século passado.

A China de hoje responde com uma produção de aerogeradores e painéis fotovoltaicos, única no mundo. Em função do ganho de escala que obteve, competem economicamente com qualquer outra forma de energia. Segundo o último relatório da Bloomberg New Energy Finance, o custo da energia solar já está no mercado internacional a 1,60 US$ o watt. Algo impensável cinco anos atrás. O relatório da Bloomberg também informa que em 2016, teremos 68 GW instalados de energia solar fotovoltaica. E projeta para 2017, 73 GW. Já para 2018, sinaliza 82 GW.

PS- Portanto, senhores senadores, com a condição de insolação e de bons ventos que temos no Brasil, o momento é de olharmos para o futuro com atenção voltada para o desenvolvimento sustentável e novas oportunidades de emprego. Só para lembrar: a indústria do carvão se desenvolveu no início do século passado. E pelo passivo ambiental que deixou: pagamos até hoje.


(*) Fósseis x Renováveis foi publicado no Diário Catarinense, no mês passado, quando a tragédia de Mariana completava um ano. (nov. 2015)


Nenhum comentário: