Definitivamente, no Brasil sem rumo, a semana que passou entrou para a história: os poderes da República apodreceram. A começar pelo Executivo, onde o vale tudo para preservar Temer de mais uma denúncia foi o principal fato da semana. No rol das "bondades": Refis, Portaria do Ministério do Trabalho sobre o trabalho escravo, o leilão do pré-sal, alívio nas multas ambientais, liberação de emendas, barganha por cargos e outras "cositas" - nada republicanas. O resultado desse descaso com o país é que Temer lidera o ranking internacional dos presidentes mais impopulares do mundo.(*)
No Poder Judiciário o bate boca entre os ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes do STF, também não é nenhuma novidade. Só que na quinta-feira passada ultrapassaram os limites. Por pouco não foram as vias de fato. No dia seguinte, dando aula na Faculdade de Dieito da UERJ, onde leciona, Barroso reconheceu que "quase ultrapassou a linha".(**)
Já em relação ao Poder Legislativo, o de sempre. Fisiológico, mais uma vez virou as costas para a opinião pública. A chamada "base aliada", sem se constranger impediu que a denúncia contra Temer prosperasse. Fazem qualquer negócio para arrastar o governo até as próximas eleições. (***)
(*) Sempre que posso alerto que o Brasil é um imenso país sem rumo e que regredi a olhos vistos. O fato de Temer liderar o ranking do mais impopular presidente do mundo, só reforça a desgraça que se abateu sobre nós.
(**) Durante a aula, Barroso provocado pelos alunos tinha comentado: "Vocês ainda vão ter filhos um dia. E quando tiverem filhos irão aprender que os filhos não prestam atenção no que a gente fala. Eles prestam atenção no que a gente faz". Sutil.
(***) Carlos Marun, um dos mais atuantes defensores de Temer na Câmara, se apropriou de uma música de Benito de Paula (Tudo está no seu lugar) para provocar a oposição. Ouviu o que não queria. De Benito: "Isso não é música de político não, rapaz. Isso é música de família. Eu fiz para a minha mãe. Respeite a minha mãe! Tudo está no seu lugar o caralho". (Fonte:FSP 28/10)
PS- Um país não regride só em razão da podridão dos pilares da República. A sociedade também é responsável. Dependendo do país, o peso da sociedade é maior do que das instituições. O economista Paulo Nogueira Batista, uma das nossas melhores cabeças, não resistiu a "armação" do governo Temer e foi afastado da direção do BRICS no meio do seu mandato, que ia até 2021. Depois de 10 anos no exterior deixa Xangai e o banco que ajudou a criar. Lúcido como poucos, deixou seu recado no artigo que publicou sábado no Globo:" Sonho interrompido".
Segue abaixo um pequeno trecho para reflexão:
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