quarta-feira, novembro 01, 2017

Não há almoço de graça: Brasil e Itália com as mãos sujas

Ontem comentei sobre a figura misteriosa de Rodrigo Tacla Duran. E até sugeri como um bom  roteiro para um filme. Por coincidência à noite conheci Suburra, a nova série da NETFLIX. Não deu para resistir. O tempo passou sem perceber.  A série italiana que envolve políticos, a igreja, o crime organizado, a especulação imobiliária, empreiteiros e lobistas, me tirou o sono. Assisti até o final sem fechar os olhos. Coisa rara.

Suburra, onde tudo acontece,  é um vale localizado em Roma. Antigamente um bairro pobre frequentado por prostitutas. A disputa é por uma área no litoral onde investidores querem construir um porto. A trama se desenvolve com um realismo assustador. A Câmara de Vereadores é comprada, um vereador é assassinado, o prefeito renuncia, a Igreja, proprietária de parte do terreno é chantageada e o Arcebispo se suicida. No último capítulo, o poder se impõe: a máfia fica com a área!

Nada de muito diferente do que vivenciamos aqui. Talvez não com a dramaticidade dos bons filmes italianos, mas com a mesma gravidade do enredo. A politica vem sendo literalmente comida, lenta e gradualmente pelos interesses econômicos. A sociedade desencantada e alienada, não consegue perceber a gravidade e a extensão do problema. Suburra choca pela violência da série, mas ajuda a entender porque "não há almoço de graça". Aos ingênuos e distraídos, insisto: a conta sempre vem.


PS- Na série, quem faz o trabalho sujo na Câmara é um vereador de Roma. Para ascender na politica, se vende para a máfia. Em 1996, me elegi vereador em Florianópolis: foram 1480 votos. Em 2000, me reelegi triplicando os votos: fui o segundo vereador mais votado na capital. Dois anos depois chego na Câmara Federal com cerca de 43 mil votos.  Numa condição que muito me orgulho: sem o apoio da Odebrecht, da JBS, da OAS ou de qualquer outra empreiteira. Só fazendo o que faço até hoje no Instituto IDEAL: a boa política.  Fora disso, o risco de ser envolvido e corrompido é muito grande. Aqui como na Itália, não há almoço de graça. 

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