Bresser Pereira, além de professor emérito da FGV foi ministro dos governos Sarney e de FHC. Quem acompanha seus mais recentes artigos percebe seu crescente desencanto com o Brasil sem rumo. Certamente, Bresser não faz parte dos 3% que apoiam Temer.
No seu último artigo, publicado ontem na FSP, Bresser Pereira procura explicar a razão de "estarmos envergonhados porque não soubemos honrar a democracia que nós construímos; o mal-estar que atinge os brasileiros é geral." O interesse pela leitura foi imediato. A indiferença generalizada que se percebe na sociedade precisa ser estudada. Estamos entrando num ano eleitoral e não podemos sair desse processo sem esperança no futuro.
Para ele, uma passagem no tempo ajuda a entender o quadro atual: "entre 1930 e 1980, formamos nosso Estado-nação e realizamos nossa revolução industrial e capitalista; em seguida, nos anos 1980, construímos a democracia, e a tornamos social. Isso tudo era motivo de orgulho. Mas, em 2016, um impeachment arranhou gravemente essa democracia."
Como consequência do impeachment, veio o mal-estar que tomou conta da sociedade. Afinal quem pode ser indiferente, a recessão, a ilegitimidade do presidente da República, a desmoralização dos políticos e das instituições, comenta Bresser em seu artigo. Segundo ele, o impeachment de Dilma Rousseff será para sempre uma mancha na história do Brasil. O silêncio das ruas tem a ver com o constrangimento das pessoas. A trama e a traição "congressual/palaciana" que levou ao golpe, não se sustenta mais. O legado que ficou é a destruição da auto-estima de um povo. A história vai cobrar e só o tempo vai apagar. Como regredimos!
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