Enquanto o Rio está sob intervenção, por aqui estamos sob observação. A PM e a Polícia Civil não dão conta da violência e a bandidagem está se chegando. Só no ano passado, em Florianópolis, foram mais de 170 homicídios. Nesse final de semana, os principais jornais locais comentam sobre a violência sem controle. O certo mesmo, é que ninguém sabe explicar o que realmente está acontecendo. Duas capitais, bonitas por natureza, se mostram despreparadas para enfrentar a criminalidade crescente.
No caso do Rio de Janeiro, o que se vê é a falência do Estado: contaminado pela corrupção, sem planejamento e gestão. A intervenção, para muitos não passa de um oportunismo fruto de uma decisão politica precipitada. Sem o devido respaldo técnico, as autoridades federais, estaduais e municipais, aproveitando-se de um clima de insegurança que tomou conta da sociedade, optaram por uma medida de grande impacto. Se vai dar certo ou não, só o tempo vai dizer (*) .
Com certeza esse debate vai longe. Ainda mais em ano de eleição. Embora distante, reconheço que a situação calamitosa do Rio vai muito além da violência. Sem condições de acompanhar o que se passa por lá e com o cuidado de não ser contaminado pelos teles jornais, me limito a registrar o que li e que muito se aproxima do que penso: "No Rio os hospitais estão sem médicos e sem medicamentos; não há vagas nas creches; faltam professores nas escolas; linhas de ônibus somem de circulação; o transporte dominado pelas vans ilegais; as calçadas invadidas pelos camelôs; os bueiros entupidos de lixo." Numa situação dessas, fica difícil acreditar que a intervenção militar vai melhorar a vida dos cariocas. (Fonte: FSP, 24/2)
Em Florianópolis, embora a violência sem controle nos preocupe, o quadro não chega a ser tão dramático como no Rio. Aqui, a causa do visível aumento da criminalidade é a briga entre facções pelo controle do tráfico e sua alta rentabilidade na região. Para quem entende do assunto, uma das dificuldades no combate a violência se deve, em parte, ao descompasso entre a policia militar e civil. Precisam agir de forma integrada, planejada e permanente.
(*) Em 1984, morei um ano no Rio. Pegava a linha de ônibus 95, que ia da Barra até o Fundão, campus da UFRJ, onde me especializava em planejamento energético. Nunca vi um assalto, bala perdida ou arrastão. Naquele ano participei do Comício das Diretas, na Candelária. Até então, a maior manifestação popular ocorrida no país. Mais de um milhão de pessoas reunidas no centro do Rio. O ato entrou noite a dentro. Nenhum grave incidente foi registrado. É por essas e outras, que não custa lembrar: como regredimos!
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