quinta-feira, agosto 05, 2021

Ser ou não ser perfeccionista ...

Na semana passada, dia 30, recebi uma mensagem de Guilherme Odri, editor sênior do Linkedln Notícias, convidando para escrever sobre perfeccionismo no trabalho, se é qualidade ou defeito. Passada a surpresa inicial, a primeira dúvida que  veio foi, por que eu? Apesar de virginiano não me acho um perfeccionista,  muito menos capacitado para tratar um tema tão complexo e atual como esse. 

A resposta que encontrei para este inesperado contato, foi a crescente curiosidade sobre a minha pessoa e interesse pelos meus comentários na Rede Linkedln. No último mês foram cerca de 300 visualizações do perfil para saber quem sou e 11.342 acessos ao blog de Olho no Futuro. Um crescimento de 40% em relação ao mês de junho. Foi em razão desses indicadores que aceitei o desafio. 

Outra decisão que tomei foi tirar o foco do tema da área do trabalho, por estar fora do meu alcance. Por isso incorporei no comentário a mobilidade elétrica, Olimpíadas do Japão, crise hídrica e tarifas de energia elétrica abusivas, como alternativas para abordar o assunto. Um olhar diferenciado do perfeccionismo, de alguém que não morre de amores por ele. Espero que gostem da mistura que fiz.

1- Mobilidade elétrica - o novo desafio dos perfeccionistas. John Goodenough é pesquisador da Universidade do Texas, em Austin. Ganhou o Nobel de Química/2019, com 97 anos de idade. Por coincidência estava no campus da UT quando da sua premiação. Deu para sentir o quanto era admirado por todos. Um senhor respeitoso, acessível no trato e um perfeccionista em tudo que se envolve. (*)

2- Olimpíadas do Japão - um encontro de perfeccionistas. Ninguém chega a uma olimpíada por acaso. Quase sempre os atletas de ponta começam cedo e buscam a perfeição na modalidade esportiva que atuam. No pódio poucos são os que sobem. O que define se a medalha é ouro, prata ou bronze - são pequenos detalhes. No caso de Rebeca Andrade, meio pé fora da marca lhe tirou o ouro. Em outra apresentação, sem erros, veio o ouro. 

3- Crise hídrica - não é um problema só da natureza. Com a privatização da Eletrobras, o planejamento que se tinha, técnico e criterioso, se foi. Para assegurar energia elétrica de qualidade e com preço razoável para todos, o perfeccionismo fazia parte do DNA dos técnicos do setor. Os interesses agora são outros. Investidores privados vão se utilizar da crise hídrica para justificar a contratação emergencial das  térmicas. O consumidor paga mais caro e os donos das usinas ganham mais. Sem energia o país não se movimenta. (**)

4- Tarifas abusivas - é o que vem por aí. No meio de tanto desatino, os perfeccionistas do Congresso Nacional, nossos deputados e senadores, inventaram de planejar o setor elétrico. Sem qualquer noção de custo empurraram para nossa conta seus famosos "jabutis". Um artigo recente da ABSOLAR e um estudo da FIESP alertam para o custo da energia térmica a gás e o seu impacto na tarifa dos consumidores cativos.

(*) O Nobel chegou ao doutor Goodenough depois de anos estudando as baterias de íons de lítio, voltada para a mobilidade elétrica. A notícia mais recente é que as pesquisas agora avançam na direção das baterias de íon de sódio, que permite carregamento mais rápido. 

(**) Segundo a ONS - Operador Nacional do Sistema, a estimativa do custo médio da operação em agosto passa dos R$ 2,5 mil por MWh - um valor impagável!

PS- O perfeccionismo acaba sendo uma busca interminável e exaustiva da perfeição. Num mundo cada vez mais competitivo, a cobrança é grande. Simone Biles, a mais perfeccionista das atletas nos Jogos Olímpicos do  Japão, nos deixou uma lição de vida: optou por sua saúde mental ao abrir de buscar novas medalhas. Encerrou sua participação nos jogos aplaudida por todos.   

 

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