Na semana passada, dia 30, recebi uma mensagem de Guilherme Odri, editor sênior do Linkedln Notícias, convidando para escrever sobre perfeccionismo no trabalho, se é qualidade ou defeito. Passada a surpresa inicial, a primeira dúvida que veio foi, por que eu? Apesar de virginiano não me acho um perfeccionista, muito menos capacitado para tratar um tema tão complexo e atual como esse.
A resposta que encontrei para este inesperado contato, foi a crescente curiosidade sobre a minha pessoa e interesse pelos meus comentários na Rede Linkedln. No último mês foram cerca de 300 visualizações do perfil para saber quem sou e 11.342 acessos ao blog de Olho no Futuro. Um crescimento de 40% em relação ao mês de junho. Foi em razão desses indicadores que aceitei o desafio.
Outra decisão que tomei foi tirar o foco do tema da área do trabalho, por estar fora do meu alcance. Por isso incorporei no comentário a mobilidade elétrica, Olimpíadas do Japão, crise hídrica e tarifas de energia elétrica abusivas, como alternativas para abordar o assunto. Um olhar diferenciado do perfeccionismo, de alguém que não morre de amores por ele. Espero que gostem da mistura que fiz.
1- Mobilidade elétrica - o novo desafio dos perfeccionistas. John Goodenough é pesquisador da Universidade do Texas, em Austin. Ganhou o Nobel de Química/2019, com 97 anos de idade. Por coincidência estava no campus da UT quando da sua premiação. Deu para sentir o quanto era admirado por todos. Um senhor respeitoso, acessível no trato e um perfeccionista em tudo que se envolve. (*)
2- Olimpíadas do Japão - um encontro de perfeccionistas. Ninguém chega a uma olimpíada por acaso. Quase sempre os atletas de ponta começam cedo e buscam a perfeição na modalidade esportiva que atuam. No pódio poucos são os que sobem. O que define se a medalha é ouro, prata ou bronze - são pequenos detalhes. No caso de Rebeca Andrade, meio pé fora da marca lhe tirou o ouro. Em outra apresentação, sem erros, veio o ouro.
3- Crise hídrica - não é um problema só da natureza. Com a privatização da Eletrobras, o planejamento que se tinha, técnico e criterioso, se foi. Para assegurar energia elétrica de qualidade e com preço razoável para todos, o perfeccionismo fazia parte do DNA dos técnicos do setor. Os interesses agora são outros. Investidores privados vão se utilizar da crise hídrica para justificar a contratação emergencial das térmicas. O consumidor paga mais caro e os donos das usinas ganham mais. Sem energia o país não se movimenta. (**)
4- Tarifas abusivas - é o que vem por aí. No meio de tanto desatino, os perfeccionistas do Congresso Nacional, nossos deputados e senadores, inventaram de planejar o setor elétrico. Sem qualquer noção de custo empurraram para nossa conta seus famosos "jabutis". Um artigo recente da ABSOLAR e um estudo da FIESP alertam para o custo da energia térmica a gás e o seu impacto na tarifa dos consumidores cativos.
(*) O Nobel chegou ao doutor Goodenough depois de anos estudando as baterias de íons de lítio, voltada para a mobilidade elétrica. A notícia mais recente é que as pesquisas agora avançam na direção das baterias de íon de sódio, que permite carregamento mais rápido.
(**) Segundo a ONS - Operador Nacional do Sistema, a estimativa do custo médio da operação em agosto passa dos R$ 2,5 mil por MWh - um valor impagável!
PS- O perfeccionismo acaba sendo uma busca interminável e exaustiva da perfeição. Num mundo cada vez mais competitivo, a cobrança é grande. Simone Biles, a mais perfeccionista das atletas nos Jogos Olímpicos do Japão, nos deixou uma lição de vida: optou por sua saúde mental ao abrir de buscar novas medalhas. Encerrou sua participação nos jogos aplaudida por todos.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário