terça-feira, novembro 30, 2021

Descaso com a Amazônia: a marca do governo

    
   Balsas escancaram o garimpo ilegal na Amazônia. Só não vê quem não quer. Foto: Greenpeace 

Quando na reunião ministerial de abril de 2020 o então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sem qualquer constrangimento, disse para "abrir a porteira" e liberar geral, os interesses obscuros que sempre estiveram de olho na floresta fizeram da Amazônia terra de ninguém. Tamanho descaso resultou numa destruição florestal média de 11.405 km² por ano. Trata-se de um ato criminoso 75% maior do que a média do intervalo 2009-2018. (*)

As declarações e omissões relacionadas à Amazônia, estão presentes em quase todos os atos do governo. É como se houvesse um pacto contra a floresta. O dado oficial da devastação da Amazônia Legal de 2021, 13.235 km², representa o maior desmatamento já verificado na última década. Não foi por acaso omitido durante a COP 26, com claro intuito do governo se proteger de críticas mais duras ao descaso do Brasil com o meio ambiente. 

O capitão Jair zomba da situação caótica da Amazônia, ao comentar que a floresta é úmida e não pega fogo. Já o vice Mourão, de forma açodada, tornou publica a operação que a PF e a Marinha estavam prestes a  fazer contra o garimpo ilegal no rio Madeira. Bastou a imprensa mostrar no dia 26/11, para todo o Brasil, as centenas de bolsas operando ilegalmente, para que no dia seguinte os garimpeiros sumissem. (foto acima)

Mourão cobrado pelo fracasso da sua gestão como guardião da Amazônia, assim se manifestou: "Se você quer um culpado, sou eu. Não vou dizer que foi o ministro A, ministro B, ou ministro C. Eu não consegui fazer a coordenação e a integração, entre as forças militares e órgãos ambientais, da forma que ela funcionasse." Algo muito parecido com a declaração de um outro general que entrou para a história recente do Brasil, Eduardo Pazuello. Com a covid matando milhares de brasileiros por dia, pressionado  sobre a sua gestão, apontando para Bolsonaro, assim se manifestou: "Ele manda e eu obedeço..."

Por mais que queiram se explicar, a posição de Mourão e de Pazuello não sobrevive a um olhar mais rigoroso da sociedade. Afinal estamos falando de vidas que se foram, da floresta desmatada e do garimpo ilegal. As causas saltam aos olhos, tem um responsável e não basta um simples "mea culpa" dos generais. O público do "cercadinho", dos passeios de moto e dos que boicotam a vacinação - não asseguram uma reeleição.

(*) Cerca de 24 ilhas de Santa Catarina - por ano - foram desmatadas durante os três anos do governo.  No mapa, a Ilha de Santa Catarina é só um ponto. Mas para quem mora aqui é uma imensa e bela ilha.  Sem preocupação com o preciosismo, do centro ao Pântano do Sul são cerca de 40 km. Do centro a Ponta das Canas, também. Entre esses extremos, passamos pela Armação, Morro das Pedras, Campeche, Joaquina, Praia Mole, Galheta, Barra da Lagoa, Moçambique, Santinho, Ingleses, Praia Brava e Lagoinha. Sem falar nas lagoas Pequena, do Peri e da Conceição. Imaginem tudo sendo uma floresta, devastada a cada duas semanas! É de chorar... 

PS - "Em parceria com o ex-ministro Ricardo Salles, Jair Bolsonaro desmantelou os órgãos de controle ambiental. ao mesmo tempo em que incentivava o agronegócio predador, garimpeiros, madeireiros ilegais e grileiros que invadem unidades de conservação, terras indígenas e outras áreas da União. Essa política antiambiental não apenas  teve papel crucial nos resultados ominosos revelados pelos satélites como deixa pouca esperança para o futuro próximo". (Editorial da Folha de S. Paulo, 26/11).

  


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