Por mais que você queira, não dá para acompanhar tudo que acontece no Brasil. Em parte porque o atual governo extrapolou em muito o razoável. Do escândalo de assédio na CEF aos pastores do MEC, da "porteira aberta" do ex-ministro Ricardo Salles na Amazônia aos constantes ataques a democracia, só mesmo com uma equipe de profissionais para dar conta de tanto desatino. Sozinho, por mais que me esforce, não dá para acompanhar.
Com as devidas desculpas, foi exatamente o que aconteceu durante votação histórica no Supremo Tribunal Federal, na última sexta-feira, 01/7. Por 10 votos favoráveis e apenas um contra, o do ministro Nunes Marques, o STF concluiu o julgamento sobre o dever constitucional de proteção ao clima. A decisão determina que a União pare de obstruir o funcionamento do Fundo Clima.
Para a coordenadora do Programa de Defesa dos Direitos Socioambientais da Conectas, Júlia Neiva, "a decisão do STF é um marco para a litigância climática e fortalece o argumento de que a crise climática deve ser enfrentada com políticas públicas eficientes. Seguimos com a tarefa de cobrar do governo brasileiro o pleno funcionamento do Fundo Clima e de outros mecanismos importantes na defesa dos direitos socioambientais e climáticos".
Ao mesmo tempo que a decisão do STF nos conforta, é revoltante saber que é preciso correr atrás para se ter as garantias mínimas de preservação ambiental. Só para lembrar recentemente aconteceu o mesmo com o Fundo Amazônia, que até onde se sabe continua sem uma destinação. Para o Instituto Imazon, não há o que comemorar: das 3500 ações impetradas pelo MPF só 18% tiveram uma decisão definitiva e apenas em duas os infratores pagaram o valor estabelecido na condenação.
No atual governo a preservação ambiental virou piada. Lideramos o ranking do desmatamento no mundo, com mais de um milhão de hectares/ano. Sozinho desmatamos mais que a metade do resto dos países. A ilegalidade corre solta. As motos serras roncam e as árvores caem. Uma tristeza.(*)
Quem ainda não está convencido do desastre que é o atual governo, lamento. Argumentos não faltam, o Brasil era respeitado e admirado por todos. A nossa economia chegou a ser a quinta no ranking mundial, agora nem entre as dez primeiras está. A preocupação com o meio ambiente, tema do comentário, em governos anteriores sempre foi motivo de preocupação. Os ministros que passaram pela pasta, todos, sem exceção, estavam empenhados em fazer o melhor. De repente tudo mudou, quem ganhou espaço foi a violência, o garimpo ilegal e o desmatamento. Uma tragédia ambiental tão grande, que levou a sociedade se unir e resistir as ameaças em curso.
(*) De janeiro a junho batemos todos os recordes, 5.000 quilômetros quadrados foram desmatados. Só para comparar, destruíram uma área de floresta equivalente a dez ilhas de Santa Catarina.
(**) O assassinato do tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu, Marcelo de Arruda, teve grande repercussão. Sua morte é fruto da intolerância política, afirma o secretário de segurança. Dois dias atrás, a jornalista Daniela Pinheiro entrevistou um mega empresário que está indo embora do Brasil pelos mesmos motivos. Clique aqui para ler.
A tragédia precisou ser incluída no texto em função da ameaça que representa.
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