segunda-feira, julho 17, 2023

Rússia x Ucrânia: terceirizaram a guerra

Lula no G7 ao lado de Biden. Foto: divulgação 

Na Ucrânia enquanto milhares de pessoas morrem e milhões se afastam da zona de conflito, por segurança ou por terem perdido a esperança, insanos continuam alimentando a tragédia humana com armas e muito dinheiro. Não existem inocentes e nem heróis no caos que estabeleceu entre duas nações vizinhas. A ONU, não sabe o que faz. A OTAN só pensa em enviar armas para a Ucrânia. A Rússia terceirizou a guerra contratando o Grupo Wagner, um exército particular com 40 mil homens. Os EUA sem mandar um soldado para a guerra, nunca vendeu tanta arma. Na reunião de Cúpula do G7, em maio, no Japão, quem foi convidado foi o presidente do Brasil. Lula saiu de lá como destaque do encontro. (*)

Basta ler o primeiro parágrafo com a devida atenção, para perceber que o acordo de paz está cada vez mais distante. Em nenhum momento a palavra "paz" foi utilizada e não foi por acaso. Quando se olha para o que está acontecendo, por uma questão de honestidade intelectual, a reação tem que ser dura com os envolvidos. Quando se expôs a rebelião do Grupo Wagner, a ponto de ameaçar Putin, o mundo ficou perplexo com a presença de um exército de mercenários tão bem armados fazendo o papel de assassinos de aluguel. Só que ficou na perplexidade, nada mais além disso. Na semana passada quando Biden liberou bombas de fragmentação para a Ucrânia, também só ficamos perplexos. Quando o esperado deveria ser protestos em pelo menos 100 países, que se comprometeram pelo não uso desse material bélico em razão - do seu imenso poder destrutivo - e nem foram consultados. (**)

Não se pode fechar os olhos diante tantas preocupações e incertezas. Lula, que inicialmente foi criticado por suas observações, na prática se mostrou o mais lúcido dos estadistas. Sem querer reproduzir exatamente o que falou, a mensagem que deixou para o mundo foi clara: Não vou falar de guerra, busco a paz. O Brasil não vai liberar nenhuma arma que ajude alimentar esse conflito sangrento e desumano. Só  me convidem para um encontro, quando a pauta for buscar um Acordo de paz entre Rússia e Ucrânia. Por sua coerência, passou a ser referência em todos os grandes fóruns globais. (***)

As consequências dos desatinos estão aí, a vista de todos. Lula cansa de repetir que seu único compromisso é com a paz, para ver se os senhores da guerra percebem a extensão dos seus desatinos. Ao que parece a Otan tomou gosto da vitrine que o conflito lhe deu. O braço de intervenção da Otan não se limita mais a guerra Rússia/Ucrânia e dá sinais que quer ir além.  Segundo o Globo Times, o impulso estratégico da Otan é se intrometer na região Ásia - Pacífico. Um outro caldeirão de interesses comerciais e da geopolítica. A esse respeito, a mídia dos EUA não escondeu o que está por trás ao afirmar que a Otan está tentando "dissuadir as ambições estratégicas da China" na região. (****)

Quando escrevo, não sei quem vai ler. A preocupação de informar o leitor existe, mas não é determinante na escolho do tema. Os conflitos internacionais quando se alastram trazem uma preocupação a mais. Como se dão longe dos nossos olhos, poucos se preocupam com as consequências. Só que dependendo da extensão de uma guerra, independente da distância que nos separa, o estrago na economia mundial é imediato. Uma pequena amostra disso aconteceu agora com o corte de energia da Rússia para a Europa. O mesmo se deu com o embargo de grãos da Ucrânia. Imaginem essa situação em larga escala. (*****)

Para quem está sonhando com o futuro, cabe perguntar: como se libertar das ameaças e se entregar a projetos sustentáveis de longo prazo. Como responder desafios como as mudanças climáticas, a descarbonização do planeta, o desenvolvimento da economia verde e criar empregos focados na sustentabilidade. A guerra destrói qualquer possiblidade de engajamento que os países terão que fazer nas próxima décadas para atingirem seus compromissos e objetivos com o clima e a humanidade.  Portanto, se estendendo no tempo e ampliando suas fronteiras conforme os interesses da geopolítica, a guerra é incompatível com o mundo que buscamos.

(*) Você tem ideia do custo de manter um exército particular com 40 mil homens fortemente armados, capazes de tudo. Você tem ideia de quanto bilhões de dólares os EUA mandaram para a Ucrânia, através da OTAN. Alguém tá ganhando com isso. 

(**) Mundo cão, o silêncio entorno da guerra é vergonhoso. Parece que há um pacto: deixa eles se matarem, o que importa são os negócios.

(***) A posição do Brasil em relação a guerra, inicialmente dúbia, no tempo se mostrou coerente e acertada. Aonde vai, Lula mostra sua preocupação com o acirramento do conflito.

(****) As duas maiores economias do mundo até o final do século, Índia e China, acompanham tudo com atenção  Enquanto quem briga se enfraquece, quem assiste se fortalece.

(*****) Uma guerra de larga proporção, com o poder de destruição que se tem hoje, acaba com a possibilidade da humanidade projetar seu futuro.

PS - Não faz sentido o Brasil fazer parte da lista dos países mais militarizados do mundo. Além de um custo absurdamente alto, não se justifica. Não temos problemas fronteira com os vizinhos e nem vizinho em condições de nos ameaçar.  A opção histórica por uma Força Armada muito acima das nossas necessidades, nunca foi da sociedade.    



Nenhum comentário: