segunda-feira, julho 29, 2024

Lula de bem com a vida

 

                                  
                                    Em São Paulo: Lula + Boulos      Foto: Ricardo Stuckert


Se alguém ainda tinha dúvida sobre o papel do Lula no cenário político interno, regional e internacional, o mês de julho foi sua consagração. No aquecimento da candidatura de Boulos à prefeitura de São Paulo, juntou uma multidão. Berço do Partido dos Trabalhadores, o PT elegeu Luiza Erundina em 1988, sendo a primeira mulher prefeita de São Paulo. Em 2001 foi a vez de Marta Suplicy. Depois em 2013, Fernando Haddad. A força do partido sempre esteve presente na capital, mas mesmo assim Lula soube contornar a legítima pretensão do PT de uma candidatura própria, assumindo o seu compromisso de apoio à candidatura de Boulos. (foto acima)

Em termos da política regional, durante o mês de julho, duas situações de constrangimento foram criadas por nossos vizinhos latinos. A desastrosa visita de Milei a Camboriú e sua inexplicável ausência na reunião do Mercosul, acabaram criando um profundo mal-estar diplomático. Outro grave incidente, foram as declarações inoportunas de Maduro sobre uma eventual derrota nas eleições de domingo, 28, na Venezuela. Suas ameaças incomodaram bastante o presidente Lula, que se envolveu pessoalmente na busca de um acordo que assegurasse uma eleição transparente, segura  e que respeitaria o resultado das urnas na Venezuela. 

Num mundo em guerra, com russos e ucranianos indo para o terceiro ano de destruição, sem o menor sinal de uma trégua, Lula tem se firmado como um avalista da paz. Em todos os fóruns internacionais que preside ou participa, tem defendido com veemência o fim da violência entre os povos. Infelizmente, por trás de uma guerra os interesses são inconfessáveis. Suas declarações não tem modificado o quadro, os conflitos continuam. Só que para quem acredita na paz, o seu posicionamento conforta e traz esperança. Estamos juntos.

Quanto a mais recente tragédia humana, a destruição de Gaza por Israel, desde o início a postura do presidente Lula tem sido bem mais incisiva. A matança em curso assistida em tempo real, não permite nenhum outro posicionamento senão a condenação de Israel. O que assistimos é um massacre diário de crianças e idosos. Para encontrar os reféns do Hamas não existem limites e nem respeito, Israel bombardeia zonas de refugiados, escolas e hospitais. Desde do início as declarações de Netanyabu sempre foram no sentido de acabar com Gaza. Só não vê quem não quer.

No recente episódio envolvendo Trump nos EUA, Lula novamente foi testado. Sem titubear condenou o atentado, defendeu a democracia, o respeito as urnas e a necessidade da uma campanha que não alimente a violência. Sem citar qualquer semelhança sobre o dia 8 de janeiro e a invasão do Capitólio, Lula fez ver o quanto uma eleição desrespeitosa deixa sequelas. Sem dúvida uma reflexão oportuna para todos que estão passando por isso. O ódio, a violência, o negacionismo as fake News  não podem ser usadas para se chegar ao poder.  

Apesar dos seus êxitos destacados nessa breve retrospectiva, os maiores desafios do presidente Lula estão aqui. Embora tenha sido eleito pelo voto popular três vezes, suas dificuldades de governar são muitas e estão no Congresso Nacional. Tanto no Senado como na Câmara, sua vida não tem sido nada fácil. As emendas parlamentares se apropriaram de boa parte do Orçamento da União e o Fundo Partidário tornou a relação política mais volátil ainda. 

No segundo semestre vamos ter no Brasil as eleições municipais. Muito embora se diferencie de uma eleição presidencial, não deixa de ser um termômetro político. Com o resultado da eleição na Venezuela, Lula irá fazer suas avaliações e acompanhar os desdobramentos. Quanto aos EUA, em novembro, Lula também terá que observar  como as peças do tabuleiro do poder vão se movimentar. Um conjunto de novas situações importantes que vão exigir do presidente muita atenção. 

Para o Brasil, é fundamental nessas horas saber jogar o jogo. Lula já mostrou experiência e que  se movimenta bem nesse cenário. Sua vivência vem do movimento sindical onde enfrentou todo o tipo de dificuldade, sem vacilar. Um hábil político ganhou fama a partir do seu primeiro mandato como deputado federal em 1986, pelo PT/SP, com 651 mil votos. Para um sindicalista de um partido recém criado, Lula surpreendeu o país ao receber a maior votação de um deputado até então.  Em 1987 passa a compor a Assembleia Nacional Constituinte, presidida por Ulisses Guimarães. Era outro Congresso, se fazia política
 
Um bom tempo depois, em 2002, Lula se elegeu presidente pela primeira vez. Agora já são três os seus mandatos de presidente da República. Sempre pelo voto direto, em eleições livres e transparentes. Em 2018, Lula só não foi eleito presidente pela quarta vez porque não deixaram. Sua trajetória política se confunde com a história da sua vida, vencer desafios.

No domingo, 28, Lula falou à Nação. Sua expressão era de quem está de bem com a vida. Não atacou ninguém, não reclamou de nada. Com a responsabilidade do cargo, fez um balanço de um ano e meio do seu governo. Suas realizações, seus compromissos e suas preocupações com o futuro. Se limitou a falar do Brasil para os brasileiros.  

  
    
  

   
   

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