Lula, Alcolumbre e Motta (Foto: Ricardo Stuckert)
O que aconteceu no sábado passado, dia primeiro, merece atenção e uma reflexão. Um dos Poderes da República, o Legislativo, estava trocando de mãos. Deputados e senadores estavam votando em quem iria conduzir as duas Casas nos próximos dois anos. A dança das cadeiras não animou ninguém, além dos diretamente interessados no assunto. A sociedade em geral, indiferente a farta cobertura dada pela mídia, não demonstrou qualquer disposição em acompanhar o que se passava em Brasília.
Quando isso acontece é preciso pensar muito e encontrar respostas para esse distanciamento. Política não se faz sozinho e ela precisa estar em sintonia com o povo. Boa parte dos partidos políticos que já tiveram um papel importante, perderam o seu rumo. Em parte, se deve a proliferação de siglas que impedem uma melhor identificação do eleitor com o programa partidário. Com raríssimas exceções, é essa a nossa triste realidade.
Outra situação criada pelos próprios congressistas, que agrava esse visível desinteresse pela política, são os Fundos Partidários e as obscuras Emendas Parlamentares. Todos sabem a falta que faz a montanha de recursos que saem do Orçamento da União, só para atender as demandas dos congressistas. É muito dinheiro do orçamento, concentrado nas mãos de poucos. Quem pode acabar com isso é quem criou a mudança, dando ao legislador a função de um agente do Poder Executivo. Por parte da sociedade, que já está com a sua opinião formada sobre isso, se nada mudar, o distanciamento vai se agravar.
Pelo bem do Brasil devemos torcer por uma gestão responsável, de ambos: Hugo Motta na Câmara e Davi Alcolumbre no Senado. Não é hora de vacilar, as ameaças à democracia estão dentro do país e fora dele também. O nosso papel na relação de forças estabelecido pela geopolítica, cresceu muito nos últimos anos. Embora outros interesses internos insistam em tumultuar o quadro, o reconhecimento internacional da importância do Brasil nesse jogo de poder está consolidado.
O inesperado da eleição de cartas marcadas no Congresso Nacional, partiu justamente da rebeldia de um líder da ultra direita mais radical, que prega o ódio por onde passa, o deputado pelo Rio Grande do Sul, Marcel van Hatten. Ao optar por um voo solo, se lançou candidato à presidência da Câmara dos Deputados. Se deu muito mal, teve 31 votos (6% do total). A revolta foi imediata, expos o verdadeiro tamanho dos raivosos dentro do Congresso Nacional. Quem pretendia levantar a bandeira da anistia para os condenados de 8 de janeiro de 2023, agora vai pensar duas vezes. Por essa nem o líder maior esperava.
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