domingo, maio 18, 2025

Energia elétrica, riscos e desafios desse Século

 A guerra Rússia x Ucrânia, insana em todos os sentidos, já entrou no seu terceiro ano. Além da destruição causada e da imigração descontrolada que causou, deixou um rastro de mortos lado a lado. Sem o mínimo de atenção à realidade, a OTAN de forma atabalhoada expôs militarmente a sua fragilidade diante de uma Rússia fortalecida apoiada à distância pela China e pela Índia. Como a guerra se estendeu além do esperado a Europa literalmente, desabou: sucumbiu diante de sua dependência energética e o impacto disso no bolso dos europeus. Vai custar a se reerguer. (*)

Nos EUA um megaempresário com um ego maior que o Continente Europeu, que queria controlar os carros elétricos e as novas baterias no mundo, se sentindo engolido pela indústria chinesa, deu a seguinte declaração, "se os carros elétricos tomarem conta do mercado vai faltar energia para as pessoas". Supondo que temos mais de um bilhão de carros convencionais rodando, e que todos ao longo dos próximos anos sejam substituídos por carros elétricos, algo imprevisível vai acontecer com a geração, distribuição e transmissão de energia elétrica que temos hoje.

Na Rússia, talvez de forma precipitada, o governo brasileiro sinalizou simpatia para participar de um novo programa nuclear no país. Nada de muito diferente do que se fez no passado durante o regime militar, quando assinou com a Alemanha a implantação de várias usinas nucleares. Desse ambicioso programa da década de 70, o que sobrou foi Angra I e Angra II e um esqueleto da vizinha Angra III. Uma obra iniciada em 1981 e até hoje inacabada. O custo atualizado do mega watt hora é o maior do mundo. Ninguém que assumir a obra pelo mico que é. (**)

Um dos temas em pauta nesse mundo virado de cabeça para baixo, é a descarbonização do planeta que ainda depende majoritariamente do gás, do carvão e do petróleo. Só que essa importante mudança não está acontecendo nem na velocidade esperada e muito menos no acolhimento dos países produtores e consumidores de combustíveis de origem fóssil. Portanto, um longo caminho nos separa desse novo modelo. O que se precisa é sair da caixa, pensar nos antigos filmes de ficção da década de 50 e 60. 

Ainda jovem observava que eles tinham algo em comum, mobilidade rápida e eficiente. Drones que levavam pessoas como os taxis de hoje, mas de tudo o que mais impressionava era que as cidades não tinham fios e nem postes. O que nos leva a pensar que a energia elétrica era produzida e consumida no próprio local. Sendo isso verdade, a energia viria de uma pequena pilha, com alta tecnologia, carregada de energia. 

Se era viável nos sonhos de quem sonhava na década de 60, é muito mais viável agora quando novos materiais estão disponíveis e  minerais raros são descobertos. Um esforço global focado na busca da energia do futuro seria a decisão do Século. Não faltarão recursos, tecnologia e nem inteligência para a humanidade deixar o seu grande legado, a descarbonização do Planeta. (***)

(*) A OTAN sem os EUA não tem como sustentar a guerra insana entre Rússia e Ucrânia, que aliás não deveria ter começado. Trump abandonou seus aliados, lavou as mãos. Segundo o governo americano o poder bélico da Rússia é três vezes maior do que o da OTAN. 

(**) A pior coisa é insistir num erro. Angra III é uma tecnologia do século passado, década de 70, com equipamentos comprados e armazenados por quase 50 anos. Em 2003, como deputado federal, membro titular das Comissões  de Energia, Meio Ambiente e Tecnologia da Câmara Federal, e titular do Conselho de Estudo Especiais do Congresso Nacional, fiz parte de uma Comissão para apurar o estado da obra e dos seus equipamentos. Pouca coisa mudou.

(***) Grandes usinas, imensas linhas de transmissão em alta tensão, bilhões de quilômetros de redes de distribuição em baixa tensão, que estão espalhados pelo mundo não vão atender mais a demanda crescente por energia. Se nós estamos nos aproximando dos 10 bilhões de pessoas e com a mobilidade elétrica avançando, algo de novo vai acontecer. Pensem nisso, o amanhã começa agora.    

   

segunda-feira, maio 12, 2025

The New Yorker, Lula um líder global


                                        Lula, O presidente do Brasil (foto, The New Yorker)

Depois de passar pelo Vaticano, Rússia e China, o presidente Lula tomou conta do noticiário internacional. Amigo pessoal do Papa Francisco de longa data, Lula sentiu como poucos sua partida. Entre todos os líderes políticos presentes na despedida do Papa, Lula era o mais próximo de Francisco. Na Rússia, durante a cerimônia dos 80 anos da vitória sobre o nazismo, o rosto sempre frio de Putim foi substituído por um visível olhar de simpatia no seu encontro com Lula. Na China, Lula se sente em casa pela ótima relação que o Brasil tem com o governo chinês. Como nada é por acaso, quem conhece os bastidores desse bom relacionamento sabe que muito se deve a ousadia, determinação e influência que Lula e Dilma tiveram na criação do BRICS.

Para entender a importância dessa rápida introdução no cenário mundial, obviamente é preciso estar desarmado e gostar do Brasil. Quando se escreve ao vento, não se sabe quem vai ler. No silêncio da noite é de bom tom se concentrar e focar naquilo que você quer repassar. A motivação do comentário está resumida no título. Uma revista semanal americana de grande penetração junto ao poder político e econômico, a The New Yorker dessa semana, não poupou elogios ao presidente do Brasil. Justamente, no mesmo momento que os EUA tiveram que se submeter a mais um vexame nas suas relações comerciais com o mundo. O descrédito está corroendo rapidamente o segundo mandato de Trump.

Quando enalteceu Lula, a The New Yorker se ateve aos fatos. Em Moscou, Lula cobrou publicamente pelo fim da guerra entre Rússia e Ucrânia, como sempre vem fazendo desde do início do confronto. Em Pequim, num encontro reservado com milhares de investidores internacionais, Lula pegou pesado com a política inconsequente de Donald Trump de taxar o mundo. Que aliás, sempre foi essa a sua posição. Nesta terça-feira, num encontro reservado com o presidente da China Xi Jinping, Lula vai tratar de novos negócios com a China. Sua prioridade, energias renováveis e ferrovias.  

Como a New Yorker observou, Lula se projetou para o mundo pelos bons temas e por sua  coerência. O mundo vive um vazio de lideranças, que não conseguem ser ouvidas fora de suas fronteiras. Lula, tem carisma e se movimenta com desenvoltura. Se internamente tem um Congresso atrasado para lhe atrapalhar, seu sucesso lá fora também incomoda setores da sociedade que não se conformam com sua atenção e ação voltada para os que mais precisam. Só que isso jamais poderia ser incomodo para alguém, trata-se apenas de uma definição de prioridade. Pensem nisso, não boicotem o Brasil.

PS - Antes de retornar para o Brasil, o presidente Lula participa do Encontro do Celac, em Honduras. Trata-se de uma organização que reúne os países latinos e caribenhos, que buscam uma ação conjunta que fortaleça e proteja seus interesses. Nada mais oportuno diante de um relacionamento hostil dos EUA na Região. 


 

  


 

quinta-feira, abril 24, 2025

O PAPA É POP

                                                Papa Francisco (17/12/1936 a 21/4/2025)

Quis o destino que o Papa Francisco nos deixasse na Páscoa. Depois de uma longa permanência hospitalizado, debilitado, precisou recorrer a um tratamento intensivo. Quando saiu da UTI foi para o quarto e por sua insistência voltou para a casa com todos os cuidados necessários. O sentimento de alívio foi grande quando apareceu na sacada e circulou no Papa Móvel pela Praça São Pedro. Com as boas notícias, ninguém esperava por seu óbito dia 21. Ao nos deixar na Páscoa, por tudo que fez pela humanidade, acabou sendo uma abençoada coincidência.

O papado de Francisco durou exatamente 12 anos e 35 dias, não foi o mais longo, mas com certeza o mais marcante. A repercussão que teve no mundo confirma esse sentimento, o Papa é pop. O seu legado tá rua, nas mudanças doutrinárias e estruturais da Igreja e no acolhimento aos que mais necessitam.  Seus compromissos e preocupações extrapolam as fronteiras do Vaticano. Sua indignação em relação as guerras, ao descaso com os imigrantes e aos menos favorecidos, se somam a uma das suas principais causas: a proteção ao meio ambiente e os efeitos das mudanças climáticas no nosso Planeta.

Pelo fato de nunca ter voltado ao seu país, a Argentina, o Papa acabou trazendo para si a curiosidade sobre esse estranho afastamento. No caminho do aeroporto de Buenos Aires se passa pela Igreja de Jorge Mário Bergoglio, que os taxistas fazem questão de mostrar como a Igreja do Papa. De forma carinhosa comentam a importância de seu papel durante a ditadura, de sua aproximação com aqueles que mais precisam e uma relação de profundo constrangimento com o poder na Argentina. Por outro lado, nunca compactuou com as mazelas da política e a corrupção endêmica no seu país. 

No parágrafo anterior, sem maiores pretensões analíticas e comportamentais, dá para compreender as razões de Jorge Mário, como Papa, não ter voltado ao seu país. Durante a ditadura seu envolvimento como negociador  junto aos militares salvou muita gente da morte, mas para alguns historiadores essa aproximação da Igreja Católica com a Junta Militar nunca foi vista com bons olhos pela esquerda argentina. Depois veio um longo período de uma transição democrática tumultuada com governantes corruptos, políticos despreparados e uma frágil democracia. Recentemente, como Papa, seu maior desconforto foi quando o atual presidente da Argentina,  Javier Milei, publicamente, comparou o Papa Francisco ao demônio. De uma agressividade gratuita e descabida.

Agora com sua morte, cerca de 170  Chefes de Estado já confirmaram  presença no seu funeral. A pergunta que se faz é porque todos querem estar lá, inclusive Milei. As interpretações  conforme os interesses podem variar, mas o sentimento mais perto da unanimidade é de reconhecimento e de profunda admiração, por um homem, religioso, latino, dedicado a periferia, que conseguiu mudar a Igreja Católica. Como Papa não se omitiu, condenou as guerras, alertou o mundo sobre o clima, a fome e a desigualdade. Ninguém chegou perto dele, Francisco é o nome do Século.

Sua simplicidade e humildade o acompanham no tempo. Quando se ajoelha para lavar o pé de um enfermo, ou rompe a segurança para abençoar uma criança, faz por entender que é essa a mensagem que tem que deixar. Quando expulsa da Igreja padres, bispos e cardeais, por má conduta, faz por entender que é sua obrigação agir assim. O Papa é um líder espiritual, não precisaria se indispor internamente e muito menos com uma parcela conservadora dos seus fiéis. À rigor, Papa não precisa de voto como os políticos dependem. Estar livre dessa condição, só reforça a espontaneidade de multidões que se formam nas ruas para se despedir de Franciscus. Vá em paz. 

   

 

  

quinta-feira, abril 03, 2025

Nos EUA a ficha caiu

                                                                        Foto: Reuters (02/4/2025) 

Nos EUA a ficha caiu: Trump é um problema dos americanos e como tal deve ser tratado. Segundo a Agência de notícias Reuters, sua popularidade vem desabando. Os americanos não estão nada satisfeitos com as ameaças do presidente. A sua última aparição, dia 2, festejando as novas taxações só recebeu aplauso dos amigos mais próximos. Os EUA importam cerca de 50% de tudo que consomem, com essa medida o impacto vai atingir diretamente o custo de vida dos americanos. (foto acima)

Os argumentos de que com isso aumentaria a competitividade dos produtos americanos no mercado interno, não se sustentam. A inflação, que já está alta, vai subir ainda mais, e o poder de compra do americano vai cair. Com isso sua popularidade vai sendo consumida e o humor do consumidor também.  Os economistas de lá nessas situações costumam usar a expressão, "It's the economy, stupid." 

Como a promessa de campanha de produzir internamente as necessidades do país ainda está muito presente, a pressão é grande. Afinal, não é uma tarefa fácil, "Make America Great Again". Muita coisa mudou e Trump não percebeu. Os americanos já se deram conta que isolar o país é o pior dos mundos. O sonho prometido está ficando pelo caminho, não tem como criar uma Nova América hostilizando vizinhos e antigos parceiros. (*) 

Para piorar o humor da Casa Branca veio o surpreendente resultado da eleição para a Suprema Corte de Wisconsin, onde a juíza Susan Crawford venceu por larga margem o candidato conservador Brad Schime, apoiado por Trump e pelos dólares de Elon Musk. Como os estados são autônomos, com a derrota se formou na Corte uma maioria progressista. O recado que fica para o cidadão americano, é a volta do "Yes, we  can". Uma jovem mulher, juíza federal, reconhecida por ser progressista, venceu com sobra o homem mais poderoso da nação. O resultado abalou profundamente o mandato que se inicia. 

(*) Na eleição passada, a vitória de Trump só ocorreu porque o governo Biden foi muito ruim. Nos EUA, democrata não vota em republicano e nem vice-versa. Como lá o voto não é obrigatório, o que aconteceu foi o visível desinteresse dos democratas irem às urnas. Deu no que deu.  

PS - No caso do Brasil o governo vem administrando a crise global com responsabilidade e a devida cautela. Se deu bem politicamente quando o Congresso Nacional, Câmara e Senado, rapidamente fecharam questão em relação a autonomia do país, ao livre comércio e as regras de reciprocidade adotadas pelo governo.     

domingo, março 09, 2025

"VAI PASSAR", de Chico Buarque (*)

Na última segunda-feira, dia 3, depois de um palco montado na Casa Branca, Trump leva adiante seu plano: suspendeu qualquer tipo de ajuda militar à Ucrânia. Ele sabe perfeitamente o que isso significa, uma guerra sem armas e sem dinheiro acaba. Uma outra leitura à ser feita dessa nova relação dos EUA com o conflito armado que já dura três anos entre Rússia e Ucrânia, foi a visível aproximação de Trump com Putin e o afastamento  gradual dos EUA com seus históricos parceiros, os países membros da União Europeia. Em um mês o que se viu foi um comportamento típico de quem gosta de jogar. Na próxima semana tudo pode mudar. Como nada é por acaso, vai passar. 

Uma guerra de origem suspeita, criada para durar um mês perdura no tempo. Quando passar, a população vai cobrar. Enquanto Zelensky viajava pelo mundo, ela convivia com mortes e escombros. Na primeira semana do conflito cerca de 2 milhões de civis já tinham deixado a Ucrânia, hoje são 10 milhões. Ao contrário que Zelenski apregoava, não havia um clima de morrer pela pátria. No fundo os ucranianos não sabiam direito o que estava acontecendo. Quem criou a hostilidade foram os próprios governantes autoritários dos países envolvidos. O que antes Zelensky falava como apoio militar, agora virou conta para pagar. O custo dessa guerra vai ser alto, aguardem: só está começando.

Com a posse de Trump, a um pouco mais de um mês, o mundo mudou. O que se tem hoje é uma insegurança total. Os históricos países adiados dos EUA e mais Zelenski,  ficaram sem rumo. Trump trouxe para si as cartas do jogo. A conversa com Putin, por exemplo, foi entre gente que se conhece de outros "carnavais". Segundo Bill Browder, CEO e Fundador do Hermitage Capital Management, uma relação que se fortaleceu na eleição de 2016, quando Trump venceu Hillary Clinton. A entrevista na íntegra está disponível, na Folha, 3/4/2022, página A19. Vale a pena ler. Afinal, nada é por acaso.

Desde o primeiro momento do conflito registro no blog De Olho no Futuro, a insanidade dessa guerra. Rússia e Ucrânia são bem mais que dois vizinhos, por muitos anos fizeram parte da mesma nação. O parentesco atravessa fronteiras, o povo nunca quis essa guerra. Lideranças politicamente enfraquecidas enxergaram no conflito a possibilidade de se fortaleceram no puder. Às vezes pode até dar certo, só que essa mudança radical dos EUA em relação a guerra não estava no roteiro. A OTAN, sem o seu principal aliado ficou sem chão. A Europa fragilizada como está, não tem condições políticas e econômicas de cumprir o que está prometendo.  Quem já percebeu esse vazio de liderança foi Macron e já dá sinais que está se movimentando para ocupá-lo.  

Quanto ao Brasil, no campo da diplomacia o país deu uma grande guinada. Felizmente saímos do atraso da era do "puxadinho" e voltamos a ter protagonismo fora das nossas fronteiras. Como todos sabem é lá que Lula se supera, adora o que faz. Se relaciona muito bem com os principais players globais. Sem titubear se colocou contra as guerras em curso, mostrando o compromisso do Brasil com a paz. Com determinação agilizou e viabilizou o Acordo Mercosul/União Europeia. Como um dos criadores do BRICs ampliou e fortaleceu o banco. Presidiu o G20 em época de turbulência e  fez crescer nossa Balança Comercial. Para uma liderança da América Latina é um legado significativo. .

De olho na questão ambiental, a país irá sediar a COP30. Portanto, sua agenda externa é atual e do bem. Um desafio e tanto, justamente no momento que os EUA, por opção, se afastaram de todos os eventos, organizações e fóruns globais que tenham algum tipo de relação com essa temática. Uma das primeiras medidas anunciadas por Trump foi mostrar sua indiferença às questões climáticas e ambientais, o que sem dúvida irá impactar diretamente na COP30. Por outro lado, como cresce um sentimento de que o mundo não gira ao redor de Trump, os demais países podem responder dando mais atenção à COP30. O próprio Papa Francisco, mesmo com as dificuldades de saúde que atravessa, tem orientado a Igreja na inclusão da Campanha da Fraternidade deste ano - a busca de conscientizar os fiéis e a sociedade sobre a importância de cuidar da relação harmoniosa entre o ser humano e o meio ambiente.(**)

Para quem acompanha o lado sério da política percebe o tamanho dos desafios que um mundo virado de cabeça para baixo está a nos exigir. No nosso caso em particular a intolerância de uma oposição local sem noção, já ultrapassou todos os limites. Como estamos num país tropical bonito por natureza, o ódio "vai passar". Afinal, acabamos de mostrar para o mundo do que somos capazes de fazer. Todos viram em tempo real a maior festa popular do Planeta, o Carnaval. Que se aprenda com ele, só chegou onde está por uma única razão: os envolvidos remam juntos. Sempre procurando fazer com que o próximo Carnaval seja  melhor que o do Ano anterior. Essa é a magia do Carnaval. Simples assim.

(*) "Vai Passar" é um samba enredo de Chico Buarque, de 1984. Em plena ditadura, uma obra prima. No domingo de Carnaval quando blocos e escolas desfilavam, o Brasil inteiro festejava nosso Oscar de melhor filme estrangeiro. "Ainda estamos aqui.",  resistindo.

(**) Trump está de olho no Papa Francisco. Tudo que ele não quer é um Papa com uma agenda progressista. Dia 10/3, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, às 19 horas, em alusão à Campanha da Fraternidade deste ano, uma proposta do deputado Padre Pedro Baldissera (PT), serei um dos homenageados. Grato pela lembrança.    


 

 

sexta-feira, fevereiro 21, 2025

Mauro Cid não é qualquer delator


Logo após a denúncia encaminhada pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 33 pessoas do seu grupo de confiança, começou a guerra das narrativas. Que pelo jeito vão seguir ao longo do ano. Dois anos de apuração de um trabalho incansável da Polícia Federal, resultou num inquérito com muita informação para que os Procuradores pudessem chegar a um entendimento sobre a gravidade do caso. Claro que pela repercussão e desdobramentos todos os fatos apurados devem ter passado por uma apuração rigorosa.

Os aliados do ex-presidente não se conformarem com o resultado, faz parte do jogo. Num juízo de valor político, tumultuando o Congresso como estão fazendo é um tiro no pé. A credibilidade da sociedade em relação aos políticos em geral é muito baixa. Quem está tomando conta das atenções por lá, é o ministro do Supremo Tribunal Federal, Flavio Dino. Com legitimidade pautou temas que o Congresso se esquiva de discutir, mas que estão em total sintonia com a opinião pública. Quem de nós não quer saber sobre as Emendas Parlamentares suspeitas. Flavio Dino, também colocou o dedo na ferida ao apontar para as benesses existentes nos Três Poderes da República, que são indefensáveis aos olhos da população. Sem dúvida os congressistas precisam estar mais atentos ao que fazem. 

Por outro lado, as narrativas dos que protegem os envolvidos nas denúncias da PGR deixam o coronel Mauro Cid mal na foto. Se sair na rua corre risco. Já solicitou como contra partida na delação premiada, segurança para si e seus familiares. A pergunta no meio de tanta versão, é saber melhor quem afinal é o coronel Mauro Cid. Para quem acompanha o caso, Cid, na foto acima, é a pessoa mais próxima do ex-presidente. Os apoiadores do golpe ao demoniza-lo, se esquecem de que o coronel Cid não é qualquer delator. O coronel é um fiel cumpridor de ordens, escolhido a dedo. Um militar, filho de general, moldado para tarefas especiais, treinado para suportar qualquer tipo de pressão.  

Com o sigilo da delação aberto, acabaram as dúvidas. O coronel Cid não entregou o capitão de bandeja. As informações que ele detinha já eram do conhecimento da PF. Nem passou por grandes pressões, como agora querem nos fazer pensar. A possibilidade da delação ser inviabilizada por ter sido obtida de forma ilícita, não se sustenta. O que o coronel Cid fez foi esclarecer as reuniões, encontros, recomendações,  resoluções, atas e gravações que estavam no celular e no seu computador. Nada foi inventado, tudo aconteceu. Simples assim.

Agora que o seu depoimento se tornou público é muito difícil as narrativas sobreviverem aos fatos. Claro que nas redes sociais, algumas pesquisas sob encomenda, influencers e políticos, tentarão manter o assunto. Só que com o tempo a tendência é que a exposição sobre o ocorrido no governo passado, vá perdendo a atenção do público. O Ano de 2025 só começou, mas nos reserva fortes emoções. A princípio o rito do processo dos envolvidos no golpe contra a DEMOCRACIA, não deve sofrer interrupções. Os prazos serão observados e o amplo direito a defesa assegurado. Independentemente do resultado final, algo de positivo aconteceu: quem quiser dar golpe vai pensar duas vezes. O Brasil não é uma republiqueta.      

  


  








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