sábado, agosto 22, 2009

O constrangimento de Mercadante

Se tem três coisas que não gosto, são: ler jornal do dia anterior, chutar "cachorro morto" e chorar o leite derramado. Nesse sábado, ainda tomado pela indignação com o resultado do Conselho de Ética do Senado, resolvi falar sobre o que eu não gosto.

REGISTROS DE JORNAIS PASSADOS - "Foi-se o líder - o senador Aloizio Mercadante declarou que queria deixar a liderança, a bancada disse que não mais o queria, o governo quis vê-lo pelas costas e o partido não ficou feliz com sua atuação -, saída que deveria ter sido (e não foi) oficializada ontem ".
"Mercadante conseguiu a proeza de transformar uma posição eticamente recomendável e desejável, a de opor-se ao arquivamento das representações contra Sarney, em uma decisão destinada unicamente a salvar a sua própria pele."
" Seus avanços e recuos para tentar salvar seu mandato nas urnas, no ano que vem, podem produzir o efeito inverso". É bom lembrar que Mercadante se elegeu com mais de 10 milhões de votos.

UM SENADOR ARROGANTE - depois de adiar por um dia o pronunciamento onde anunciaria a sua renúncia ao cargo de liderança, Mercadante mudou de idéia. Na sexta-feira, usou a Tribuna para anunciar o "Dia do Fico". Para um plenário vazio, uma figura patética. Sem qualquer brilho nos olhos, cumprindo um lamentável papel. Uma imagem muito diferente do arrogante senador. Mercadante, é sempre lembrado por seus pares, assessores e funcionários da Casa como uma pessoa de difícil trato.

O SENTIDO DA VIDA - em 2005, comi o "pão que o diabo amassou". Foram meses de muita pressão e incompreensão. Recém saido de um mandato de vereador entrei no olho do furacão. Por defender e cobrar que bandeiras históricas do Partido, como a ética, a transparência, rigor nos gastos públicos, não fugissem de nossas mãos, fui isolado. Nas eleições de 2006, sem apoio político e sem os recursos partidários, não deu outra: fiquei sem mandato. Agora, diante de tudo que vejo, do constrangimento, da tristeza e da vergonha que sinto, chego a agradecer pelos votos que não tive.
Como nos ensina o pensador alemão, Immanuel Kant: só com sabedoria e ética, podemos pensar o sentido da vida.

Um comentário:

Maria Augusta Orofino disse...

Mauro,
quero me manifestar solidária ao teu post de hoje. Tenho acompanhado tua trajetória profissinal e política e te parabenizo pelas tuas decisões.
Não sei quem é o autor mas a frase é apropriada: Um aparente azar pode ser um grande golpe de sorte.
Forte abraço
Maria Augusta