terça-feira, março 23, 2010

Comemorar o quê?

Ontem sonhei que eu era uma cidade. Uma cidade parte ilha, parte continente, com 284 anos de história e muitas dúvidas em relação ao futuro. Olhei no espelho e me senti usada, cansada, gasta. Quem me governa, quer me deixar. Ir para outros palácios, se livrar do fardo. Acho que também cansou de mim. Quem devia me cuidar, legislar para o meu bem, esses então nem se fala. Só aprontam. Querem me ver ocupada por todos os lados, com cimento, concreto e lambidas de asfalto. Para me defender, sobraram aqueles que aqui vivem. Bravos cidadãos. Muitos, que aqui nasceram, nem conheço. Outros, que aqui chegaram, nem sei de onde vieram. Lutam, pelo que chamam de um tal de Plano Diretor. Dizem, que vai me assegurar uma sobre-vida e impedir que destruam as belezas que a natureza me deu. Espero que resistam!

Acho que sonhei, um sonho impossível, em razão do que li na semana passada: comunidades enfrentado o Plano Diretor, manifestação na Lagoa da Conceição, povo organizado e indignado. Também a coluna do Fábio Brüggemann "Ilha dos Aterros, 284" deve ter contribuído na minha viagem, ao comentar: "A Ilha de Nossa Senhora dos Aterros comemora 284 anos e está se transformando numa metrópole cada vez mais feia. Não adianta dizer que estamos cercados por não sei quantas praias e isso e aquilo, porque pelo ritmo da especulação imobiliária e da quantidade de automóveis cadastrados diariamente não vai sobrar praia com água própria para banho". E, conclui: "Em breve, será votado o novo Plano Diretor da cidade. E pelo que pude perceber até agora, não fomos capazes de planejar uma cidade minimamente flanável".

Parabéns, Ilha dos Aterros.

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