terça-feira, outubro 02, 2012

Pinguelli e a MP 579

Entrevista com Luiz Pinguelli Rosa: “Governo

põe em risco futuro das elétricas”




FREITAS, Tatiana. “Entrevista com Luiz Pinguelli Rosa: ‘Governo põe em risco

futuro das elétricas’”. Folha de São Paulo. São Paulo, 27 de setembro de 2012.



O modelo adotado para a redução das tarifas de energia elétrica e a renovação

das concessões não está correto, diz Luiz Pinguelli Rosa, ex-presidente da

Eletrobrás e diretor da Coppe, instituto de engenharia da UFRJ (Universidade

Federal do Rio). Para ele, reduzir drasticamente a receita das empresas

comprometerá a capacidade de investimento e a qualidade dos serviços. Leia

os principais trechos da entrevista.


Redução das tarifas



Acho que isso não está bem feito, me preocupa. Veja bem, não sou contra o

princípio. Cortar tarifa é bom, mas é preciso ver como fazer isso para manter a

integridade do lucro das empresas. Redução, "downsizing" de empresa, de

tempos em tempos, é até possível de fazer. Mas não sem critério. E não estou

vendo critério algum, nem nesse cálculo que fizeram para chegar à conclusão

de quanto deve-se remunerar [as usinas].


Demissões



Tenho medo de que as novas regras comprometam a competência técnica.

Cortes de receita de empresas acabam refletindo em corte de pessoal

competente. E eu temo que essa competência acumulada em anos seja

dissolvida, como vi acontecer na privatização. Algumas empresas vão ser

penalizadas, como a Chesf, que é muito importante no Nordeste, Furnas no

Sudeste, Copel no Sul e no Oeste, a Cemig. [Furnas já anunciou corte de 35%

de seu pessoal]


Remuneração



Nós adotamos o sistema de remuneração das empresas pelo preço de mercado

[e não pelo custo de operação] desde a reforma do FHC. E o Lula não mudou.

As empresas continuaram ganhando muito dinheiro. Alguns contratos de

transmissão foram muito generosos. Algumas termelétricas ganharam dinheiro

paradas, sem funcionar. Parece que o governo quer voltar à filosofia de

remuneração pelo custo. Mas tenho medo de agora penalizar as hidrelétricas

em nome da pressão da Fiesp [Federação das Indústrias de São Paulo].

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