terça-feira, janeiro 15, 2013

Campos neutrais em mutação

Durante minha rápida passagem pela zona sul do Rio do  Grande do Sul, tive uma grata surpresa. De Rio Grande a Sta. Vitória do Palmar, onde estão em estudo os grandes parques eólicos, a paisagem se modificou: onde só havia arroz começa a se ver soja. Para quem é da região, algo impensável dois anos atrás. A terra só dá para arroz, era o que todos afirmavam. Recentemente, com investimento em pesquisa novas sementes foram descobertas e a soja passou a ser uma boa alternativa. As terras que iam do Banhado do Taim até a Barra do Chuí, chamadas no passado de "Campos Neutrais", eram ocupadas por ovinos e bovinos. A economia se baseava na lã e na carne. Na década de 60, a região passou por uma grande transformação com a chegada do arroz. As granjas passaram a ser as responsáveis pela principal atividade econômica do campo. Agora, 15 mil hectares de soja ocupam parte das terras que  eram usadas pelo arroz. Outra novidade é o aproveitamento dos bons ventos da região. Antes só assobiavam, agora vão gerar energia, criar emprego e trazer riqueza. Essa mutação mostra um novo potencial econômico da região, que nasce a partir de novas tecnologias no campo e de oportunidades de desenvolvimento e negócios no setor de  energia renovável e limpa.

PS- Péricles Azambuja, historiador e jornalista, resgata no seu livro "Histórias das Terras e Mares do Chuí", um pouco da disputa que portugueses e espanhóis travaram pelos limites da fronteira no extremo sul do Brasil. O primeiro tratado que firmaram foi o de Madri, em 1750. Depois, em 1777, o ponto extremo que separava o Brasil do Uruguai sofreu um recuo acordado e registrado pelo Tratado de Ildefonso. Em 1814, os limites estabelecidos no tratado deram origem ao município de Santa Vitória do Palmar. Inicialmente chamado de Campos Neutros ou Terra de Ninguém, justamente por ser uma região criada para amortecer os choques entre portugueses e espanhóis.
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