segunda-feira, janeiro 14, 2013

Índia: cultura x cidadania

Não é por acaso que cresce o número de estudiosos adeptos a uma nova forma de se identificar países realmente em desenvolvimento. O PIB, que durante as últimas décadas foi o grande parâmetro, vem perdendo dia a dia sua importância. Os países agora são avaliados pelo respeito a cidadania, ao meio ambiente e a democracia. Se formos olhar com rigor os países que formam junto com o Brasil o chamado BRIC, o que temos  realmente para destacar em termos de liberdade, costumes e comportamentos.

Só essa pequena e despretenciosa introducão, já levaria economistas e cientistas políticos há anos de estudo. Como não é aqui o espaço para o aprofundamento de temas dessa complexidade, e também por não ter sido essa a motivação do comentário, vou direto ao assunto que vem constrangendo a todos: a violência contra as mulheres na Índia.

De que adianta a Índia crescer sua economia, se ainda persiste no país a violência e o cerceamento do direito às mulheres. De que adianta a Índia ser a maior democracia do planeta e assegurar na sua Constituição direitos e oportunidades iguais às mulheres, se elas são violentadas e mortas. De que adianta apostar e investir em alta tecnologia, se o básico da cidadania não é observado pela grande maioria. As mulheres, segundo as informações que chegam, continuam a ser tratadas como cidadãs de segunda classe. A cultura do abuso contra as mulheres ainda está presente nessa sociedade, ao mesmo tempo - nova e antiga.

O recente e lamentável episódio que levou a morte uma estudante, estuprada e espancada por seis homens dentro de um ônibus, e que fez milhares de indianos protestarem nas ruas de Nova Déli e em outras cidades do país pode ser o início de um processo que leve a Índia a respeitar suas mulheres. Atribuir a insanidade de alguns a cultura, é confortável para políticos e governantes que preferem tolerar a violência a mudar costumes e atitudes.



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