A crise que já estava presente na Itália aflorou com toda a
força depois das eleições desse final de semana. Ontem, não por acaso, escrevi sobre a rede de
Marina. Ao registrar que sua rede nasce num ambiente propício a um rápido
crescimento, em razão do descrédito dos partidos e dos políticos, no fundo estava
preparando o terreno para comentar os sinais que vinham da Itália.
Com a apuração das urnas, o resultado foi a confirmação do
voto de protesto canalizado para o recém criado M5S (Movimento 5 Estrelas), cujo
líder, Beppe Grillo, se apresentou aos eleitores como a negação dos partidos e
dos políticos tradicionais. Além de ser
o mais votado (25,5%), Beppe, um comediante por profissão, enfrentou duas antigas raposas da política italiana, Berlusconi e Mario Monti. Um
resultado surpreendente e extraordinário. Sua campanha ganhou as ruas, as
mentes e as redes sociais. No entanto, a novidade política italiana trás uma
grande dúvida - dá para governar, sem base partidária, com o voto solto atraído
pelas redes sociais?
Esse é o assunto que vai permear os debates agora. Cientistas
políticos vão ocupar a mídia explorando o visível esgotamento dos partidos e,
aproveitando o vazio, novas teses vão surgir. A democracia direta, por
exemplo, deve ganhar espaço. Quanto a
nós, que temos uma rede recém lançada por Marina Silva, o que não falta são dúvidas.
Marina não é Beppe Grillo. Ela veio da militância partidária e sua grande
contradição é querer apresentar sua rede como uma negação aos partidos. Se vai dar certo só o tempo vai dizer.
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