Sai Sarney......entra Renan

Os senadores, protegidos pelo voto secreto, confirmaram nas urnas o que já se sabia nas ruas: sai Sarney, entra Renan. Renan, falando aos seus secretos eleitores, fez questão de destacar que a "ética é obrigação de todos nós". Já Sarney, em tom de despedida, preferiu refletir - "minha reflexão final é que essa paixão do bem comum e da política é maior do que a paixão da vida". Declarações à parte, o que fica, mais uma vez, é uma péssima imagem do Congresso para a sociedade. O Renan que elegeram é o mesmo que renunciou o cargo para não ser caçado. O Sarney que se despede é o mesmo que ocupa a Presidência do Senado por quatro vezes e, pasmem, se elegendo por um estado que não é o seu.  O PMDB, que promoveu e articulou essa troca, conhece bem os dois.  Da ética, a que se refere Renan, e da paixão pelo bem comum, lembrada por Sarney. Do outro lado da rua, o governo assistiu a tudo em nome da tal governabilidade. Claro que é importante para o governo ter maioria no Congresso. Faz parte do jogo democrático - é assim em todos os países. Claro que o PMDB sabe disso e faz uso disso. Faz parte do seu papel. Agora, pela responsabilidade do cargo, o PMDB deveria ter indicado um outro senador no lugar de Renan.  Renan, foi o escolhido pelo que ele representa e não pelo que fez. O Senado e os senadores precisam ser preservados. Imaginem se de repente assume um presidente que queira apurar tudo - um tipo tolerância zero!