Na Argentina, a mídia tem dono: o Papa Francisco. Se fosse um brasileiro, aqui também não seria diferente. A imprensa alimenta e é alimentada por celebridades. Conhece como ninguém o que permanece no noticiário e aquilo que desaparece num piscar de olhos. Penso que foi isso que aconteceu com o relatório da Organización Internacional para las Migraciones (OIM), ligada a ONU, que estuda as mudanças migratórias na América Latina.
Para minha mais absoluta surpresa, o estudo mostra que nos últimos dez anos a Argentina foi o país que mais recebeu cidadãos dos países vizinhos. Dos 700.000 sul-americanos que deixaram seus respectivos países para tentar a vida noutro, 500.000 foram para a Argentina. Os paraguaios e os bolivianos lideram a lista.
Os dados da OIM confirmam que a Argentina se consolida como destino de migração inter-regional através do seu programa Pátria Grande. Boa parte do sucesso do programa se deve a crise econômica da Europa e dos EUA, que tem imposto barreiras à migração, em razão da diminuição de empregos nos setores de serviço, construção e atividades agrícolas. Justamente eram esses segmentos que absorviam a mão de obra dos latinos.
Enquanto os dados são apreciados pelos governos e servem para elaborar políticas de integração regional, algumas preocupações já podem ser comentadas. A chamada fronteira sul dos EUA com o México continua um entra e saí. Em 2011, 150.000 pessoas entraram no México ilegalmente por ela. Já do México para os EUA, foram 350.000. Portanto um fluxo considerável de pessoas que vivem se movimentando ao longo da fronteira. Sofrem todo o tipo de constrangimentos e são presas fáceis dos atravessadores. Outra situação mais recente identificado pela OIM, mas tão grave quanto a da fronteira dos EUA com o México, é a entrada de chineses ilegais pelo Peru, que chegam a pagar aos atravessadores de 40 mil a 70 mil dólares. Do Peru migram para outros países da América Latina.
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