Quando Henrique Meirelles foi indicado para presidir o Banco
Central no governo Lula, logo pensei: exigências do mercado. Acompanhei seu
mandato com atenção. Sem preconceitos mas, confesso, com preocupação. Com o
tempo a desconfiança foi desaparecendo, diante da confortável condição da
economia conduzida por ele. Soube conviver com as criticas de setores do PT com
a mesma tranqüilidade que enfrentava “tsunamis e marolinhas” da grave crise econômica mundial
de 2008.
Hoje leio sua coluna na Folha de domingo com enorme prazer.
Toda vez que faço aprendo um pouco mais. Na semana passada expõe com rara
sabedoria o dilema que se abate sobre os países emergentes ou não – austeridade
ou crescimento. Meirelles é taxativo em afirmar – sem crescimento não dá para
sair da crise. Em razão disso lembra porque é grave a situação da Comunidade Européia.
Para exemplificar cita a Espanha, cujo maior problema é a falta de alternativas.
Por ser membro de um bloco de moeda única não consegue competir num mercado
globalizado já que não tem ferramentas próprias que possam ser usadas. Por
exemplo, como desvalorizar o câmbio para facilitar suas exportações?
Pelo que eu entendi o crescimento sustentável vem de uma conjugação
entre um forte mercado interno e uma estratégia focada na exportação. Meirelles
não comenta sobre o Brasil no seu artigo. Destaca como o Japão se recupera pela
sua boa condição de exportar. E essa condição se deve a uma indústria
competitiva, infra-estrutura e política cambial. Como ele, elegantemente, não
fez nenhum comentário sobre nossa condição – não sou eu que vou fazer.
Nenhum comentário:
Postar um comentário