quarta-feira, setembro 03, 2014

Antônio Ermírio

Estava fora do Brasil quando soube da morte de Antônio Ermírio. Tive o privilégio de conhecê-lo no final dos anos 80. Foi num domingo pela manhã, num antigo hotel do centro de São Paulo. Não me lembro do hotel e até acho que não existe mais. Sobre o motivo do encontro, me recordo bem - era um seminário sobre a privatização do setor elétrico. Como cheguei cedo fiquei gastando tempo na frente do hotel. As ruas estavam vazias e as calçadas também. De repente para na minha frente um Fiat Prêmio, daqueles bem rodado. Seu motorista é um homem alto, terno surrado e uma gravata fora de lugar. Abre um sorriso e me cumprimenta - era Antônio Ermírio. Na época o Empresário do Ano e uma das maiores fortunas do país. Olho em volta procurando identificar seus seguranças e nada. Estava sozinho dirigindo seu próprio carro. Iniciamos ali mesmo uma agradável conversa. Como sempre fazia tinha saído cedo de casa,  passado pela Beneficência Portuguesa e agora estava ali para dividir a mesa num debate com alguém que sequer conhecia.

José Pastore, um dos seus grandes amigos, escreveu sobre ele : "Os traços pessoais de Antônio Ermírio foram muito conhecidos. O que mais se destacava era o seu modo simples de ser e de viver. Era sóbrio e despojado em tudo, a começar pelo modo de vestir. Era atencioso ao tratar as pessoas. Caminhava pelas ruas de São Paulo sem maiores preocupações, rejeitando seguranças e carros blindados"(FSP) . Lendo o que Pastore escreveu sobre ele, me veio a vontade de registrar no blog o testemunho da pessoa simples que era. Serviu também para recuperar as boas lembranças (que até agora guardava comigo) de uma prazerosa conversa com Antônio Ermírio de Moraes no centro de São Paulo - num domingo de manhã.


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