quarta-feira, fevereiro 22, 2017

Darcy Ribeiro: saudades!

No último dia 17, completou 20 anos da morte de Darcy Ribeiro. No Brasil de hoje onde status está na riqueza sem limites, independente de como foi constituída, não sei como iria reagir. De certo com indignação, sabedoria e elegância. No livro "Jango e eu", de João Vicente Goulart, Darcy é lembrado pela sua fidelidade, companheirismo e aversão a ostentação. Era um contador de história. Coisa rara nos dias de hoje.(*)

Um apaixonado pela educação, viveu comprometido com ela. Atual como nunca, é dele o comentário: "governo que não constrói escolas, no futuro vai construir presídios". Uma visão precisa do Brasil de hoje, que só  os estudiosos conseguem ter com a devida isenção e clareza.  Para Alessandro Octaviani (**), "Darcy representou o amor ao Brasil, do país generoso, autônomo perante ao imperialismo e responsável por seus recursos naturais."

Um homem do bem, que foi ouvido e respeitado por todos. Um latino que criou vínculos de amizade com Salvador Allende, Pablo Neruda, Che e tantos outros. Um homem ligado a cultura próximo de Glauber Rocha, Chico, Caetano, entre outros.  Um homem de Estado que se relacionou com Celso Furtado, Juscelino, Jango, Brizola para desenhar e projetar as bases para o desenvolvimento político, econômico e social do Brasil. Um sonhador por inteiro, que sonhava aqui e no exílio. No passado distante, Darcy já nos mostrava o caminho para o século 21: educação e cultura. Só resta lamentar o quanto retrocedemos. Saudades, Darcy!

(*) Mineiro antropólogo, nasceu em 1922, morreu em 1997. Escritor, político e sonhador.  Gostava de contar história. Hoje não existe boas histórias para se contar. Agora quem fala, são delatores: acusando pessoas e relatando crimes. Homens públicos, tapam a boca para falar. Não querem correr o risco de uma leitura labial, que possa expor acordos pouco republicanos. 

(**) Alessandro Octaviani, professor de direito econômico da Faculdade de Direito da USP, escreveu na FSP sobre Darcy Ribeiro (17-2)

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