Matéria da famosa revista norte-americana Forbes, que se dedica a economia e negócios, enxergou recentemente o que a direita brasileira não quer enxergar: o crescimento de Lula. A cada pesquisa aumenta a diferença. Ou prendem Lula por causa de "recibos de aluguel", ou ele ganha no primeiro turno.
O Brasil é um país desigual até nas delações. Enquanto recibos de aluguel ocupam o noticiário nacional, um outro apartamento, com 52 milhões de reais em espécie, logo vai cair no esquecimento.
Se fizermos uma leitura apurada sobre o que está se passando com as delações, muita coisa vai aparecer. O tratamento desigual não é um acidente da história recente do Brasil, mas sim uma escolha política institucional deliberada.
Quem trata o tema da desigualdade com muita propriedade, é Oscar Vilhena Vieira. Num oportuno artigo focado nas históricas desigualdades sociais do Brasil, sua percepção é que não nos tornamos um país socialmente mais justo pós Constituição de 1988. Embora reconhecendo ações efetivas de combate a pobreza, voltadas à população mais carente, entende que mesmo a redução da pobreza não resultou numa significativa redução da desigualdade.
O tema é instigante e exige um conhecimento mais apurado que não detenho. Em razão disso reproduzo duas preocupações de Vilhena Vieira, que podem nos ajudar a refletir (*):
- "O problema é que esse padrão de abissal desigualdade institucionalmente entrincheirado corrói o tecido social e perverte o modo como as instituições republicanas funcionam. Numa sociedade individualista e de consumo, como a brasileira, isso redunda necessariamente em tensão social, violência e banalização da vida. Os mais de um milhão de homicídios nas duas últimas décadas são a face brutal do esgarçamento do nosso tecido social."
- "A saída dessa crise mais profunda dependerá da construção de um novo projeto de nação, mais inclusivo. Sem truques, onde aquilo que é dado com uma mão não seja retirado com a outra. Um projeto que reabilite as instituições a exercerem com legitimidade o arbitramento dos conflitos. A sociedade brasileira mudou e dificilmente tolerará os atuais padrões de violência, corrupção e ineficiência sem reagir."
(*) Oscar Vilhena Vieira, é Pós-Doutor pelo Centre for Brazilian Studies - St. Antonies College, Universidade de Oxford (2007), Doutor e Mestre em Ciência Política pela Universidade de São. Colunista da Folha.
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