terça-feira, outubro 17, 2017

UNESCO: apesar do Trump a vida segue

A saída intempestiva dos EUA da UNESCO, braço da ONU voltado à educação, cultura e ciência, confirma o descompromisso de Trump com as causas globais. A UNESCO fundada em 1946, tem sede em Paris. Na América do Sul, a representação da UNESCO fica em Montevidéu. O Instituto IDEAL sempre teve um bom acolhimento de suas iniciativas junto a UNESCO, que distribuía as cartilhas educativas do instituto  em espanhol aos países membros.

A relação dos EUA com a UNESCO, nunca foi uma lua de mel. Em 1984, um outro republicano, Ronald Reagan, já tinha retirado os EUA da organização por considerar que ela atuava pró-União Soviética. Uma motivação muita parecida com a de Trump, que alegou um viés anti-Israel, ao anunciar a saída da UNESCO.

As instituições internacionais sem fins lucrativos que tratam da cultura, da educação e da ciência, são poucas e mais do que necessárias.  Infelizmente, salvo as exceções de sempre, políticos em geral não tem simpatia ao trio: cultura; educação; ciência. E as razões não são nada nobres. No Brasil sem rumo, um estudo recente da London School of Economics (LSE) comprova o que sempre soube do nosso Congresso: "o uso de argumentos científicos na formulação de políticas públicas no Brasil é superficial".(*) 

O vazio será preenchido, como já aconteceu com a saída dos EUA do Acordo de Paris. Um dia depois do anúncio, a China se comprometeu com a UNESCO de cobrir os custos da contribuições americanas, 22% do total.  Portanto, a vida segue para a UNESCO: sua responsabilidade com  os inúmeros "Patrimônio da Humanidade", a defesa que faz da liberdade de imprensa, da educação sexual e da igualdade de gênero no mundo,  mesmo que alguns continuem rotulando suas iniciativas como coisas da esquerda. Como nos ensina o cineasta e escritor chileno, Alejandro Jodorowsky: "Pássaros criados em gaiola, acreditam que voar é uma doença".

(*) A autora da pesquisa, professora de ciência política na LSE Flavia Donadelli, brasileira que leciona em Londres desde 2011, assim resume o estudo: "Pela análise dos debates no Congresso, avaliação de 343 documentos e as 58 entrevistas que fiz, não achei praticamente nenhuma referência a argumentos científicos no processo de formulação de políticas".

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