Nem o tempo apagou o sofrimento que foi a derrota do Brasil na final com o Uruguai, na COPA de 1950. Jogando em casa, Maracanã lotado, tudo pronto para celebrarmos a vitória e a conquista daquela seria a nossa primeira Copa(*). Após o jogo veio a decepção. E com ela uma profunda tristeza coletiva. As pessoas, perplexas, choravam copiosamente não acreditando no que viam. Voltaram para suas casas, de forma silenciosa, sem vandalismo.
Os anos se passaram e o Maracanã encolheu. No último jogo Flamengo e Independente, o estádio recebeu metade dos torcedores que assistiram a nossa inesperada derrota para o Uruguai. No entanto, o que se viu depois do jogo não foram lágrimas de pesar. O que vimos foi uma violência incontrolável dentro e fora do estádio. Um episódio lamentável, que envergonhou a todos nós. As cenas foram chocantes pela agressividade dos manifestantes. A segurança se mostrou despreparada e o futebol brasileiro perdeu o respeito.
Aliás, respeito que já não tinha desde os 7X1 contra a Alemanha. Sem falar no histórico da cartolagem da CBF. Sempre é bom lembrar que tem gente presa lá fora, que não pode voltar. E tem gente aqui que não pode sair, para não ser preso lá fora. Uma vergonha. Por essa e por outras que reafirmo: no futebol também regredimos.(**)
(*) A seleção brasileira só veio a ganhar a Copa do Mundo, oito anos depois, na Suécia.
(**) "Desde maio de 2015, Del Nero deixou de sair do país temendo ser detido por agentes do FBI, como ocorreu com seu antecessor, José Maria Marin". (FSP, 20/12)
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