quarta-feira, julho 18, 2018

A importância de um bom exemplo

No Brasil cada vez menos vivenciamos bons exemplos. Os jovens durante a sua formação precisam se identificar com bons exemplos: no esporte, na política e - principalmente - na educação. Estudos da OCDE divulgados recentemente apontam que só 2,4% dos jovens brasileiros pensam em se tornar professores. Segundo o mesmo estudo, o interesse já foi maior. Ruy Castro, colunista da Folha, aponta alguns motivos por tamanho desinteresse: não há respeito ao professor, alunos dominam as salas de aula, os salários são baixos e falta reconhecimento social ao trabalho que prestam. Sem falar no constrangimento que muitas vezes passam e até em agressões físicas que sofrem. Uma loucura.

De pronto me veio a lembrança um filme inesquecível de 1967, que até hoje está presente na minha memória: "Ao mestre com carinho". Sidney Poitier, um dos melhores atores que já vi atuar, faz o papel de um professor numa escola pública de Londres. Ao ser contratado, logo é colocado a prova: recebe para lecionar a pior turma da escola. Através de bons exemplos repassados pelo mestre, os alunos vão se transformando. No final do filme a plateia emocionada com o que viu, sai do cinema convencida de que não há tarefa mais importante na vida do que ensinar.

Durante a Copa da Rússia, não nos faltou só futebol: faltou também bons exemplos. Depois de cinco conquistas perdemos também a vontade de vencer. Jogadores viraram celebridades, a aparência ficou acima do futebol. Não foi por acaso que na final o mundo estava torcendo para a Croácia. Dentro e fora do campo o jovem e pequeno país só deu bons exemplos. No campo pela garra dos seus jogadores e na arquibancada por sua torcida. Mas o que mais chamou a atenção de todos foi a simplicidade e a postura da presidenta do país. 


Na foto acima, Kolinda Kitarovic, o nome da Copa. Durante a premiação, molhada pela chuva, abraça com emoção um a um dos croatas. Ao seu lado o presidente da Rússia, Vladimir Putin, com a cara de sempre, se protegia da água que caia com um imenso guarda-chuva. Que péssimo exemplo de anfitrião e presidente de um país. Não se deixa uma mulher na chuva, já dizia minha vó. Moral da história: Kolinda, que ninguém sabia quem era, chegou na Rússia num avião de carreira, viu os jogos na arquibancada com a torcida da Croácia e pagou o custo de sua viagem com o próprio dinheiro. Kolinda, sem pompa e sem ostentação: foi o grande exemplo da Copa. 

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