Depois de 40 anos voltei a João Pessoa. Que grata surpresa. A cidade é outra. Se desenvolveu sem causar grandes prejuízos à mobilidade urbana. Diferentemente de Florianópolis, em João Pessoa - o trânsito flui. O Cabo Seixas, a principal atração turística da cidade continua lá. O ponto mais oriental do continente americano e por consequência do Brasil, infelizmente está com seus dias contados. A preocupação entre os paraibanos é grande. Afinal vão perder um marco geográfico histórico. O principal motivo são as forças da natureza. Na foto abaixo pode-se perfeitamente ver o avanço do mar. A água mais escura é a falésia do Cabo Seixas sendo comida pela ação constante do mar. Em amarelo, na parte esquerda da foto, a barreira que impede o acesso dos carros até o Farol da Cabo Branco. A estrada que havia quarenta anos atrás, já não existe mais. O mar levou.
Não foi por acaso o registro que faço do inevitável destino do Cabo Seixas. Pelo que já se tem de conhecimento, o aquecimento global tem a ver com isso. Por ser um fenômeno climático devidamente monitorado, a todo momento nos chegam notícias de ilhas que desapareceram e de praias que sumiram. Saímos da fase do desconhecimento, para a constatação: tinha uma ilha e não tem mais; tinha uma estrada e não tem mais. Portanto, quando uma autoridade trata o aquecimento global com descaso é nosso dever reagir. Por mais que tente, não consigo entender as razões que levam alguns governantes virarem as costas para as questões ambientais. Só faz bem demonstrar preocupação com o futuro do planeta. O problema existe, e só não vê quem não quer. Simples assim.
A família do novo presidente, sempre que pode trata com profundo descaso as questões ambientais. Longe de qualquer juízo de valor, se manifestam publicamente sobre um tema complexo e de difícil solução. Sem um aparente conhecimento mais apurado sobre o assunto, se limitam a criar novas polêmicas que pouco contribuem para o bom debate, O pai já manifestou sua intenção de sair do Acordo de Paris, tal qual fez Trump. Os filhos, segundo Patrícia Pasquini, tem um histórico de criticas e deboche em relação ao aquecimento global. (FSP 10/11)
Segundo a matéria "Filhos de Bolsonaro adotam fala de Trump e chamam mudanças climáticas de farsa", o mais moço dos filhos, vereador pelo Rio, falou o que não devia sobre as organizações que defendem as causas ambientais. Já o outro filho, duas vezes eleito deputado federal, assim se expressou na mesma matéria (FSP 10/11): "como se a Terra durante toda a sua existência não estivesse em constante mudança". Só que não se trata disso. Ninguém nega as transformações naturais da Terra. A nossa maior preocupação são as consequências da ação do homem sobre ela. Quase sempre associadas a negócios obscuros movidos pela ganância.
No mesmo continente, mas distante daqui, um outro presidente assiste o fogo devastar o mais rico estado do país que governa, a Califórnia. Vejam só que ironia do destino, logo a Califórnia berço do desenvolvimento sustentável, líder na produção de energia renovável. O fogo já obrigou 250 mil pessoas a sair de casa. Dos dez grandes incêndios que passaram por lá, nove ocorreram nos últimos anos. Especialistas atribuem as mudanças climáticas a causa dos grandes incêndios. Enquanto isso, para o presidente Trump: "o que está havendo é deficiência no manejo florestal". Até parece que os americanos que não sabem remanejar áreas reflorestadas. (*)
(*) No domingo, 18, Trump esteve na Califórnia. Não tinha como não ir, a Califórnia continua ardendo em chamas. O incêndio já destruiu imensas áreas e milhares de casas. O número de mortos e desaparecidos continua crescendo. Trump, ao que parece, mudou de posição. Não falou em deficiência no manejo e anunciou a liberação dos aguardados recursos.
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