quinta-feira, setembro 26, 2019

Discurso de Bolsonaro na ONU isola ainda mais o Brasil

A perplexidade causada pelo discurso agressivo de Bolsonaro na ONU, repercutiu dentro e fora do Brasil. Um pronunciamento totalmente fora de propósito, com um único objetivo: mobilizar seus fiéis seguidores. A cada dia que passa, o presidente se enfraquece politicamente. A última pesquisa da CNI confirma sua popularidade em queda. Sem o apoio que tinha, Bolsonaro só conta com o "grupo não pensante da extrema direita". Até quando essa doideira vai durar, ninguém sabe.

Numa oportunidade única para melhorar  a imagem do Brasil perante o mundo, Bolsonaro optou por reforçar o isolamento criado por ele mesmo. Como se tivesse uma metralhadora giratória nas mãos, passou a atirar a esmo: sobrou até para o cacique Raoni. Desrespeitoso  com o líder indígena de 89 anos, que foi recebido pelo papa Francisco poucos dias atrás, o presidente ultrapassou todos os limites do cuidado com as palavras que seu cargo exige. Uma vergonha. (*)

Afora isso, Bolsonaro se esqueceu que é presidente de um país importante mas emergente. Sem condições geopolíticas de impor situações. Desorientado, saiu batendo em tudo e em todos. Como resultado do seu despreparo, o Brasil se isolou ainda mais. E Bolsonaro saiu da ONU, bem menor do que entrou. A impressão que nos passou é de que não sabia aonde estava e muito menos do simbolismo e da dinâmica das Nações Unidas. O país que ele representou na ONU, no último dia 24, era outro. O Brasil, que sempre teve uma posição equilibrada e respeitada nas Nações Unidas, não se fez presente. O estrago está feito, 100 anos de história desconstruída em poucos minutos.


(*) O cacique Raoni, aos olhos do mundo, é um dos poucos brasileiros reconhecido internacionalmente por seu trabalho. Por sua trajetória de luta em defesa da floresta e dos povos indígenas, o cacique Raoni está sendo um dos indicados à receber o Prêmio Nobel da Paz/2020.

PS - Sobre o discurso de Bolsonaro, na abertura da 74ª Assembleia Geral da ONU, do seu amigo João Doria: "Um discurso sem referências que pudessem trazer respeitabilidade e confiança ao Brasil no plano ambiental, econômico e político".   


Nenhum comentário: