segunda-feira, agosto 03, 2020

A privatização da Eletrobras, um fato relevante: alguém tá ganhando

Na última sexta-feira, por problemas técnicos, não foi possível ir ao ar uma live sobre a privatização da Eletrobras. Para debater um tema tão caro, foi preciso viajar no tempo. Momentos difíceis que coletivamente atravessamos, mas também  de muito aprendizado. Tudo começou em 1997, com a criação do MUCAP, em Santa Catarina. (*)

Sem querer fazer um balanço de duas décadas de história, deixando as lições do passado como legado de vida, chegamos em 2020 com a ameaça da privatização da Eletrobras. Criada por João Goulart em 1962, passou a ser a principal empresa do setor elétrico  brasileiro. Sua presença em todas as regiões do Brasil através de suas subsidiárias, foi fundamental  na implantação e consolidação de um sistema de geração e transmissão único no mundo. (**)

O tempo não para; o passado não volta. O presente é um caos; o futuro incerto. O segundo semestre mal chegou; só que o ano já acabou. Triste realidade a nossa. A crise econômica, de responsabilidade do atual governo, pode até levantar a suspeição se não viramos mico de propósito.

A ideia até pode parecer não ter sentido, mas vamos aos fatos. O que você faz quando quer vender alguma coisa? Em primeiro lugar avaliar o seu bem; depois aguardar a melhor momento para colocá-lo à venda. No setor privado é assim que se faz negócio, seja para vender um carro usado, um terreno na praia ou a padaria do bairro.

No entanto quando se trata do governo vender os nossos ativos, a regra é outra. Se coloca o que temos à  venda, justamente quando o país virou um mico: nossa moeda é a mais desvalorizada e o capital externo se evaporou. .(***)

Para ilustrar o comentário, nada como um "fato relevante" -  bem atual. Na última quinta-feira, 30, a Eletrobras anunciou a venda do maior parque eólico da América Latina, localizado em Santa Vitória do Palmar, extremo sul do Rio Grande do Sul. A venda se deu em plena pandemia, no pior momento da nossa economia. Para o negócio acontecer, um preço bem convidativo. A venda se deu por um valor muito abaixo do que foi investido. Se estiverem em dúvida, perguntem para o Guedes. 

(*) O MUCAP - Movimento Unificado Contra as Privatizações, talvez tenha sido a primeira iniciativa ampliada para se opor aos programas de privatização que começaram a surgir na década de noventa. Os sindicatos se uniram para defender o Besc, Celesc e Casan, empresas públicas de Santa Catarina. O movimento foi exitoso.

(**) O ministro Paulo Guedes só pensa em vender a Eletrobras. Todos sabem que vender nossos ativos não passa de uma nuvem de fumaça diante da economia em crise.  Sobre a gestão de Guedes o rombo já está em 800 bilhões. Os negócios estão parados e como dizem os mineiros: para comprar alguma coisa "só se for galinha morta".

(***) O real foi a moeda que mais perdeu valor frente ao dólar, no mundo. Portanto, nossos ativos em relação ao dólar estão muito desvalorizados. A crise política, o desemprego e a economia estagnada,  se encarregaram de acabar com a nossa imagem. Como consequência, segundo o Banco Central, 48 bilhões de dólares deixaram o Brasil nos últimos 12 meses. A pior fuga de capital dos últimos 26 anos. Em poucos meses o país do futuro virou um baita do mico. Acreditem, nada é por acaso. Tem gente ganhando. 

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