Toda vez que consultado sobre Bolsonaro a resposta é sempre a mesma: não era para estar lá. Aos que perguntam sobre sua permanência no cargo, respondo: quem colocou é que vai tirar. Só não sei se serão os militares com o vice Mourão, o Centrão e seus interesses, ou seus antigos parceiros que organizaram as manifestações de rua que deram origem ao impeachment da Dilma. As ruas e as pesquisas apontam para isso. O cerco se fecha. (*)
Afora esse lado mais visível de uma possível mudança em curso, Bolsonaro também não está seguro em relação aos mais próximos, os que estão com ele do outro lado do balcão. A chamada "turma da cozinha" é grande e de alto risco: são milicianos, a cunhada da ex-mulher, a rede das "rachadinhas", o "escritório do ódio", a viúva do capitão Adriano, a mulher do Queiroz e agora a CPI da Covid com toda sua podridão.
O resultado das últimas pesquisas mostram um Bolsonaro sem rumo, perdendo apoio popular em todos segmentos. Para enfrentar os desafios de uma nação que lidera o número de mortes por covid, que tem 15% de desempregados e corre o risco de um apagão; a estratégia não pode ser andar de moto e trazer a Copa América para cá. (**)
A revista Piauí da última semana entrevista uma pessoa chave na eleição de Bolsonaro, Marcos Carvalho. Para quem não sabe estava do outro lado do balcão como o principal marqueteiro da campanha de Bolsonaro. Segundo ele, o capitão Jair terá a votação mais inexpressiva de um candidato à reeleição na América Latina. Para Marcos, Bolsonaro não passa dos 15% dos votos em 2022. (***)
"O presidente Jair Bolsonaro não entregou nada do que prometeu na campanha. Depois que virou presidente, está fazendo essa gestão que estamos vendo, sem qualquer realização. Inaugurando caixa d'água, ponte pronta, e outras obras insignificantes. Foi incapaz de comprar uma vacina que foi oferecida a ele mil vezes." Marcos Carvalho se afastou de Bolsonaro logo depois da eleição.
Para ele um profundo conhecedor do que se passou durante o processo eleitoral, a última perna que ainda mantinha Bolsonaro conectado às expectativas dos eleitores era seu discurso em defesa da honestidade na política. "As suspeitas de corrupção que estão vindo à tona na CPI colocaram por terra a última razão para o grosso do seu eleitorado continuar acreditando nas suas promessas de campanha", relembra Marcos Carvalho. (a entrevista na íntegra está na edição de 9/7, de Consuelo Dieguez).
(*) Sem muito alarde quem está de olho nos acontecimentos é o LULA. Lidera com folga todas as pesquisas e sabe que Bolsonaro é o melhor adversário para 2022.
(**) A Copa América no Brasil, bancada pelo Bolsonaro, que recusei assistir, foi vencida pela Argentina em pleno Maracanã. Que mico!
(***) Sempre achei que os seguidores de Bolsonaro não passavam de 20%. Para Marcos Carvalho, que conhece bem essa turma, não passam de 15%. Fiquei dentro da margem de erro.
PS - É bom ouvir os que estão do outro lado do balcão. O fogo amigo vem de lá. Tanto pode vir em forma de chantagem, por se sentir enganado ou por grana mesmo. Quando o mandatário incentiva o mau comportamento, as mentiras e o jogo baixo: não dá certo. Foi assim com o Trump nos EUA e agora se repete com o seu aprendiz tropical.
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