Dois acontecimentos realizados no Rio Grande do Sul vieram confirmar minhas convicções sobre o futuro da energia no Brasil: a crise hídrica se combate com a energia do sol e do vento. Recursos naturais, renováveis, consolidados no país e competitivos com qualquer outra fonte de energia. (*)
Na última semana na subestação Povo Novo, em Rio Grande, minha cidade natal, foi autorizado pela Fepam a operação de linhas de transmissão de energia que vai permitir escoar a energia eólica produzida na região. O investimento total é de 2,4 bilhões de reais. O sul do Rio Grande do Sul tem um potencial de ventos tão bom quanto o da região nordeste; vai do Chuí até Torres com cerca de 650 km. (**)
No dia 25, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul - ALERGS, através da Comissão de Economia e da Frente Parlamentar em Defesa da Mini e Micro Geração Distribuída da Assembleia, promoveu um debate sobre as cooperativas solares. O encontro contou com mais de 70 lideranças entre palestrantes e convidados que trouxeram para a audiência pública virtual suas experiências e expectativas.
A partir da apresentação de abertura de Kathlen Schneider, diretora do Instituto IDEAL, responsável pelo projeto das cooperativas solares solares junto a OCB, DGRV, GIZ e grupo fotovoltaica da UFSC, se deram as intervenções sobre o tema e o histórico muito bem relatado pelo deputado Zé Nunes (PT/RS), do potencial e da tradição do Rio Grande do Sul com o cooperativismo.
No fundo estávamos falando do futuro: emprego e renda, nova matriz energética, meio ambiente, mudanças climáticas, mobilidade elétrica e cooperativismo. Num momento em que estamos ameaçados por racionamento de energia, tarifas abusivas e risco de apagão, a pauta chega em boa hora.
Para a coordenadora da ABSOLAR no estado, Mara Schmengber, a região é estratégica no País para o desenvolvimento da fonte solar fotovoltaica. O Rio Grande do Sul é o terceiro estado no ranking nacional em energia solar. Só fica atrás de Minas Gerais e São Paulo. Já conta com 785 MW dos 10 mil MW que o Brasil tem atualmente.
O estado conta com cerca de 100 mil unidades consumidoras, 23 mil empregos criados e 4 bilhões de reais em investimento. Como sempre lembro nas minhas intervenções, a energia solar tem a cara do cooperativismo. Por isso vale o registro, foi no Rio Grande do Sul que nasceu o cooperativismo no Brasil. A história está a nosso favor; como também o sol e o vento que estão disponíveis.
(*) O atual ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, que defende usina nuclear e as térmicas a carvão para combater a crise hídrica, precisa se explicar. Ele sabe que o valor de referência para energia eólica e solar é muito menor que as térmicas que estão sendo disponibilizadas, aumentando o preço da energia que estamos pagando.
(**) Sem qualquer exagero considero o potencial de energia eólica na região sul interminável. Olhando para o futuro comentei no encontro sobre o que pode vir a ser explorado. Tanto em áreas inóspitas do litoral, como no mar e nas águas rasas das lagoas dos Patos e Mirim.
PS - "No primeiro semestre as fontes de energia eólica e solar atenderam a maior parte do aumento de demanda de energia global, que cresceu 5%." (Edgard Corrrochano, CEO da Echoenergia)
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