quinta-feira, setembro 02, 2021

Quando as armas se impõem aos limites da civilidade

A grande discussão da semana passada foi a rápida tomada do Afeganistão pelo grupo Talibã. Até agora especialistas em ações militarizadas debatem o ocorrido. Por mais informados que estavam, ninguém esperava por uma ocupação tão rápida. Depois da queda do governo sobrou para o presidente dos EUA, Joe Biden,  administrar o caos causado pela intempestiva retirada.

Das informações que nos chegam o que se prevê por lá é uma sangrenta guerra civil.  A violência entre irmãos é o pior dos mundos. As pessoas perdem a referência e as armas se impõem aos limites da civilidade. O enfrentamento destrói famílias e velhas amizades. Uma tragédia humana irracional e imprevisível. (*)

O Brasil não é o Afeganistão, mas tem gente se esforçando para chegar lá. Querem substituir os livros por armas e semear o ódio entre nós. Algo impensável pouco tempo atrás. Na esteira dessa insanidade vem as bravatas e as ameaças. Sem que se perceba a brutalidade passa a fazer parte do cotidiano. Do nada se chega às vias de fato; o que nos faz pensar na incerteza do nosso futuro como nação.

Segundo a psicóloga Paula Souza o que está desaparecendo é a honestidade intelectual nas pessoas. Embora reconhecendo minhas limitações com o tema, sou levado às eleições de 2018 com o advento do uso das fake news em larga escala. Parte da sociedade foi contaminada pela novidade e sem fazer uma reflexão mais apurada embarcou numa aventura. Só que em pouco tempo o mito virou mico. (**) 

Paula nos mostra a importância de procurar o equilíbrio quando analisamos e transmitimos as mensagens que nos chegam. Um ponto de comportamento ético estabelecido por nós mesmos; que nos torne intelectualmente mais honestos. Não é fácil chegar nesse estágio de compreensão da vida. Muitos não querem entender ser essa a melhor maneira da sociedade conviver. Se entregam aos robôs nas redes sociais, sem perceber que estão sendo usados. Se sentem protagonistas do movimento 3C:  clique, curta e compartilhe. Refletir, nem pensar.

 O partido ultra nacionalista da Alemanha, AfD, não tem voto mas o usa o Facebook para disseminar suas mensagens - abertamente racistas, nacionalistas e repleta de fake news. Algo parecido está em curso por aqui. Felizmente, a maioria dos que votaram no Bolsonaro já perceberam a fraude e caíram fora. Por isso ele continua insistindo com suas bravatas e ameaças. Quer fazer do dia 7 de setembro,  uma data simbólica, a da Independência, num levante contra a Democracia. Quanta insanidade, a que ponto chegamos...

(*) A guerra civil na Síria começou em 2011. A "luta pelo poder" abrange aspectos de natureza sectária e religiosa. O conflito continua e o número de pessoas mortas já ultrapassa 500 mil.

(**) Quem não se lembra do Collor. Se elegeu prometendo caçar os marajás. Gostava de andar de moto e jet ski. Bravata era com ele mesmo. Deu no que deu. 

  

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