segunda-feira, setembro 06, 2021

Collor e Bolsonaro: o Brasil do atraso e das bravatas

 A "Era Collor" foi curta. Iniciou com sua posse em 15 de março de 1990, se encerrou com a renúncia em 29 de dezembro de 1992. Um período tumultuado da história política brasileira que não deixou saudades. Collor se elegeu prometendo "caçar os marajás" e administrar o país com os melhores. Depois de um ano o eleitor se deu conta do erro cometido. Os "marajás" continuavam soltos e na sua equipe Zélia Cardoso de Mello e o PC Farias eram os poderosos de plantão. A primeira confiscou a poupança e o segundo administrava o Caixa 2. Já o "chefe", que se auto proclamava machão, governava com bravatas. A "Casa da Dinda" era onde tudo acontecia. Segundo a primeira dama na época, Rosane Collor, em livro publicado, até magia negra havia. Andar de moto por Brasília e de jet ski no Lago Paranoá, era o passa tempo preferido de Collor. 

O tempo é implacável, não para. Três décadas se passaram e nossa jovem democracia  está novamente convivendo com o atraso e as bravatas. Dessa vez por um governo militarizado, com forte apoio dos evangélicos, que insiste em provocar os que se opõem e ameaçar as instituições democráticas. O teste será no dia 7, justamente a data da nossa Independência. Não sei o que vai dar, mas suspeito do que buscam. Não tenho dúvida em afirmar, que: dependendo do que acontecer o Brasil  se afasta ainda mais do seu futuro. (*)

A vida nem sempre é o que se vê. Gosto de me envolver com o que ainda não aconteceu. Me lembro perfeitamente do esforço que fiz para que Collor não se elegesse. Da satisfação que sentia de reverter um voto, mesmo sabendo que não passava do esforço de um passarinho querendo apagar o fogo no Pantanal com a água guardada no bico.

Guardo até hoje na memória a conversa prazerosa que tive com minhas tias em Rio Grande, sobre a eleição de Collor x Lula em 1989. A primeira a ser abordada foi a tia Horaida já que ficava acordada até tarde. Como de costume, surpreendida com a conversa, me respondeu que ia falar sobre isso com a Gissi. De manhã cedo tia Gissi já estava a postos, com a resposta pronta: vamos seguir os jovens, estamos de passagem. Não votamos no Collor.(**)

OBS - Quanto ao Lula só veio se eleger eleger 13 anos depois. Reeleito foi quase uma unanimidade.  No segundo mandato deixou o cargo com 86% de aprovação. 

(*) O pior que pode nos acontecer é Bolsonaro e seus seguidores partirem para o confronto. Só de observar o que está acontecendo no Brasil, o mundo já nos descartou. Imaginem o que vão pensar de nós, se o próprio governo eleito está dando um golpe nas instituições que legitimaram a sua eleição. Sui generis. O comentário, propositalmente, foi escrito antes do dia 7.

(**) Tia Gissi, a mais velha dos irmãos, morreu com 97 anos. Era uma pessoa fora do seu tempo, justa e prática. Tia Horaida, a bondade em pessoa, faleceu aos 90 anos. Desde que nasceram viveram sempre juntas. De forma respeitosa conviveram por quase um século. Perderam o pai muito cedo, cuidaram da mãe e sempre acolheram com carinho e sabedoria os sobrinhos. Deixaram um legado de como viver e envelhecer com dignidade. 

PS - Sempre que me programo para ir a Rio Grande, uma mistura de memórias e sonhos acontecem. Ainda bem que são boas lembranças. No dia 18 vou estar lá, casamento na família. 


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