sexta-feira, agosto 20, 2021

Segundo a Aneel as contas de luz podem subir 16% em 2022

Se você acha ruim o preço que está pagando pela energia elétrica, em 2022 ela vai ficar ainda mais cara. Bolsonaro e seus seguidores insistem em botar a culpa em São Pedro pela falta de chuva. Não deixa de ser uma saída, ou uma desculpa. O atual governo se tornou conhecido no mundo pelo descaso com a natureza. Sem saber projetar as consequências e planejar o futuro tudo virou improviso. Se não fosse a pandemia e a queda na atividade econômica, técnicos do setor afirmam que o racionamento de energia já estaria presente nesse segundo semestre. 

A crise de energia já estava anunciada e não nos surpreende. Um verdadeiro tsunami se abateu sobre o setor elétrico nos deixando expostos a tarifas abusivas associadas a contratação emergencial de térmicas. Quem parece concordar com isso, é o ex-assessor da Aneel, José Wanderley Marangon, doutor em energia elétrica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Segundo ele, a chamada "crise hídrica" é mais um impacto das mudanças climáticas na matriz energética brasileira. Em recente entrevista no dia 27/7, ele reforça a crença na ciência e nos modelos globais de simulação, que já anunciavam a crise energética que se avizinha. Junto com outros 70 pesquisadores, Marangon escreveu que o setor elétrico vinha se baseando em variáveis históricas do passado, que não incorporaram as mudanças climáticas na hidrologia dos nossos rios, levando a estratégias equivocadas relacionadas ao uso dos recursos naturais.

As consequências só não vê quem não quer: conta de luz impagável. Em maio, Marcelo Mendonça, diretor de Estratégia e Mercado da Abegás, já alertava: "Estamos despachando as térmicas mais caras e menos eficientes, com custo de R$ 1.600,00 o megawatt-hora. Isso acaba encarecendo o sistema. Em agosto o Operador Nacional do Sistema - ONS, falava em R$ 2.500,00 o preço do megawatt-hora da energia térmica disponibilizada no sistema. (*)

Todas as observações acima, de certa forma  já fizeram parte dos meus comentários no blog. Insisto com o tema para chamar atenção dos que me seguem. As barragens que antes vertiam, não vertem mais. O sol e o vento poderiam ajudar na recuperação dos reservatórios já que estamos falando de energia renovável e bem mais barata  que as térmicas que estão sendo acionadas. O governo sabe disso, no entanto anuncia a retomada do uso do carvão e Angra 3 como solução. Na contramão do mundo, se mostra mais uma vez sem rumo. 

(*) Em 2010, pela boa relação que tinha com o Uruguai, fui convidado pelo Intendente de Maldonado para uma reunião. Na pauta a desativação de uma usina térmica cara e ineficiente, que precisava ser acionada no verão para atender Punta del Este. O custo, U$$ 500/MWh. Por coincidência os atuais R$ 2.500,00 citados acima. A decisão do governo uruguaio foi de investir nas fontes renováveis. Em 10 anos a matriz energética do Uruguai se tornou a mais limpa do mundo. Pode-se até alegar que pelo tamanho do país foi mais fácil resolver.  Até concordo, só que a decisão política tomada tem que ser técnica e correta. Assim como foi lá. 

PS - O comentário do blog "Bolsonaro e a Venezuela", do dia 17, chamou a atenção. Só na Rede Linkedln foram 1860 acessos nas primeiras horas. Por se tratar de um público diferenciado o acolhimento foi excelente. Os incomodados não chegaram a 1%. 

 

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