sexta-feira, outubro 08, 2021

O problema energético vai além da crise hídrica (parte II)


Não era o ministro da Economia que devia estar na introdução prevista para tratar do problema energético e a crise hídrica, parte II. Entretanto, com a notícia bomba da offshore do Paulo Guedes, o país do Posto Ipiranga virou de cabeça para baixo. De repente toda a lógica do atraso a que estamos submetidos, pode estar associada a um dólar supervalorizado. A moeda forte que tínhamos pouco tempo atrás, desapareceu do cenário. Os documentos da Pandora Papers e da offshore de Paulo Guedes, precisam ser investigados. Até a recente privatização da Eletrobras, tão desejada por Guedes, deve ser apurada. O ministro já foi convocado pelo Congresso para falar sobre conflito de interesses.  Sua situação é insustentável. Guedes é a bola da vez.  (*) 

Os 50 bilhões de reais que apareceram entre os "jabutis" da Câmara, para construir usinas térmicas e gasodutos, podem fazer  parte de um jogo de dolarizar a energia elétrica. Se isso ocorrer, a crise energética e suas consequências futuras se perpetuarão no país. Com a Eletrobras e suas ramificações a serviço de outros interesses, o mercado livre atendendo os grandes consumidores, o que sobra para nós é pagar a conta de uma energia dolarizada. Quem tiver dinheiro vai gerar a sua própria energia através de painéis solares; quem não tiver vai sentir no bolso porque o problema energético vai além da crise hídrica. (**) 

As notícias que chegam de fora, também não são nada alvissareiras. Na China, o país que mais consome energia, os racionamentos são frequentes e já impactam na produção chinesa. O preço do carvão e do gás, dolarizados, não param de subir. Os chineses querem se livrar do carvão por ser muito poluente, mas não conseguem - representa 58% da energia que consomem. Segundo Tatiana Prazeres, profunda conhecedora da China, no seu último artigo, 01/10, alerta que a crise energética na China evidencia desafios da transição climática. A credibilidade da China como potência climática exige coerência. (***)

(*) O chamado conflito de interesses, parece claro no caso da offshore Dreadnoughts controlada pelo ministro Paulo Guedes. Ao longo do período Bolsonaro, o dólar subiu 40%. 

(**) O preço da energia no mercado cativo será impagável. Como o governo já se manifestou que  os 50 bilhões que serão gastos para implementar as térmicas a gás e os gasodutos vai para a tarifa; preparem o bolso... 

(***) Quando a China espirra, o mundo treme. O governo de lá sabe o desafio que é neutralizar as emissões de CO². A saída está numa crescente participação de energia solar e eólica. Em paralelo às pesquisas na China avançam na busca de novos reatores nucleares.

PS - No caso do Brasil, perdemos o time. O tempo passou e o regime hidrológico mudou. As águas que chegavam nos reservatórios, não chegam mais. Na escassez, diferentes interesses estarão em jogo: como o consumo humano, agricultura e pecuária, energia elétrica e navegabilidade. A minha preocupação é se estamos preparados para enfrentar esse debate. Não é por acaso que o blog se chama "De olho no futuro".  

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